«A luta por um direito, a educação!
O direito à educação concretiza-se assegurando a intencionalidade educativa, entre todos, desde a hora em que nascemos.
Nos dias de hoje, assiste-se a um frenesim medonho com impacto crescente na educação e, consequentemente, nos professores do nosso país. Na verdade, estamos perante um cenário em que todos andam à procura de respostas e, a bem da verdade, muitos não conseguem encontrar o fio da meada, na busca de certezas, criando-se um clima de insegurança e, inevitavelmente, de uma enorme instabilidade.
E essa mudança, por mais benéfica e cheia de boas intenções, tem gerado consequências estrondosas. É um facto que todos reconhecemos, lamentavelmente.
Afinal, mudar é uma tarefa árdua! Sabemos que há uma vontade imensa, disso ninguém tem dúvidas, mas é preciso mediar o impacto que isso tem provocado no seio dos estabelecimentos escolares, nos professores, nos alunos e, ainda, nas famílias.
Muitos são os autores da especialidade que nos têm vindo a alertar para os danos desta mudança vertiginosa sobre os princípios da Educação Inclusiva.
Contudo, a mudança é necessária. A mudança define o futuro do indivíduo e isso tem um valor exímio e inquestionável, no seio de um país que procura elevar a qualidade da educação de todos os cidadãos.
Olhar a inclusão implica termos de olhar para a diversidade, mediando as transformações organizacionais, no tempo e espaço e as metodologias e materiais, de acordo com o perfil dos alunos.
A diversidade carece de reflexão, até porque o que serve para um não serve para o outro. É essa a grande fragilidade que podemos registar neste momento, para além da falta de formação e do acesso a ela. Importa também apontar a falta de preparação na formação inicial dos professores e das próprias equipas a quem são delegadas estas funções. Na escola A faz-se desta forma e na B de uma forma totalmente diferente. Encontrar o norte desta viagem tumultuosa tem sido desgastante, porque há escolas a exigir planificações atrás de planificações, sem qualquer critério e segundo os princípios enunciados pelo Desenho Universal da Aprendizagem.
Mas, como podem exigir tal coisa quando não houve qualquer formação na matéria?
Mais, há escolas em que os alunos passaram a não ter dificuldades por decreto, sendo descurado todo o processo até então. Há ainda informações que são remetidas aos docentes de forma dúbia, provocando a exaustão dos docentes. Onde iremos parar com tais exigências e atrocidades desmedidas, num ato de liderança sem comando .
Além do mais, há também que repensar nas reais funções do professor de educação especial que, neste momento, não estão a ser devidamente aproveitadas em seu grosso modo. São inúmeras as incongruências, pelo que urge refletir sobre o que queremos realmente com esta mudança. O sucesso, sem dúvida, mas será esse o caminho que temos vindo a percorrer?»
Texto da colega Rita Simas Bonança
(7-12-2019)