“mudar o mundo” era algo que me interessava. Ser responsável pela formação de futuros adultos e deixar a minha marca na história.
Mas cansei, cansei de me cingir a livros que caiem como obrigatórios por favorecerem editora X, de ter de abdicar de jantares de família, dos primeiros passos dos meus filhos e de momentos irrepetíveis pois, a mim ninguém proíbe os tpc’s! Há e aquele toque! O maldito toque do telemóvel que sempre se lembra de mim quando encontro tempo para repousar a cabeça! Sou um super herói sem capa, que todos os dias se encara com personalidades completamente distintas e se esforça para conseguir passar-lhes exatamente a mesma informação. Horas extraordinárias em cima de um horário que acha que o trabalho é só feito dentro de uma sala! Sou alvo de comentários dia sim dia sim senhor, e de outros cenários que aprendi a dispensar ao longo do tempo. Oiço pais aflitos e lido com os que parecem nem saber que os filhos existem! Lido com cerca de sessenta alunos diferentes e sei o nome de todos eles, conheço personalidades e aptidões e, confesso que me faz confusão o rumo que muitos tomam, preocupo-me e há dias que nem voz tenho.
No entanto sou visto como mais um, apenas mais um “robô” que exerce a profissão apenas porque sim, porque sustenta no final do mês.
Sou encarado às vezes como “responsável” por todo um sistema, e sou eu que dou a cara todos os dias a jovens frustrados e desapontados com a educação.
Espero que um dia olhem para mim de forma diferente, até lá tento mudar um bocadinho do mundo de cada um… À minha maneira.
Martha Freitas, aluna.
Porque está identificado como “Martha Freitas, aluna.” se o título indica “Desabafo de um professor”????
O interessante neste artigo é exatamente isso, um aluno colocar-se nos “sapatos” de um professor…
Muito Bom!!