Peço desculpa do português, incorreto para um professor. Como da extensão da coisa, mas, a um e a outro, não resisti.
A semana que passou ficou recheada por apontamentos, mais ou menos consistentes, de maior ou menor qualidade, sobre a escola portuguesa.
Na SIC notícias foi uma grande reportagem passada ao longo de um ano escolar com uma turma, “apenas” para dar conta da escola que temos e de qual a escola que queremos; Nesse mesmo espaço, da sic notícias, se diz que os alunos nossos vizinhos, os espanhóis, são os mais felizes, dando, inclusivamente, origem a um ranking de felicidade. No mesmo espaço se refere que, talvez para aguentar tudo isso, os alunos portugueses são os que consomem mais medicamentos para estar sossegados e atentos.
Noutros órgãos de comunicação social, no fim de semana, deu-se conta de estudo do conselho nacional de educação reforçando, uma vez mais mais, que os alunos portugueses não gostam da escola.
Prolongando a coisa, direi que neste mesmo espaço, no ComRegras, se reforça esta ideia em, pelo menos e para recuperar os mais próximos, dois apontamentos – um e outro; Num outro quintal e de forma sempre muito particular, se dá conta não de uma situação mas, porventura e de forma atenta, de uma (ou várias) eventual causa. Respeitando a dimensão lusa da coisa, brinca-se e chama-se a atenção para o controlo químico dos adolescentes. Finalmente e de modo a não ser excessivamente negativo, eu mesmo, nas minhas coisas das aulas opinei sobre o tema.
Para agravar a situação as notícias, na minha escola um grupo/turma de educação e formação (um CEF) inferniza tudo e todos, coloca em causa a integridade física e psíquica dos docentes, levanta inúmeras questões sobre opções locais, políticas nacionais e eventuais estratégias de promoção do sucesso.
E pronto, repito-me para não perder o fio à meada. Serei apenas eu a sentir aquela ligeira sensação de estar farto desta merda toda? Serei eu que, pelo cansaço, pela idade, pelo tempo de serviço, pelo gorar de expetativas, sonhos e vontades me rendo, me entrego, começo a soçobrar ao peso do quotidiano? Estarei eu a sentir aquela paixão a esvair-se, como que aproveitando o buraco aberto para se escapar de mim? Será que a paciência que já não sinto, é culpa minha, de estar farto de pessoas mal educadas, de não suportar comportamentos desadequados e/ou desajustados?
Este carpir de mágoas levar-nos-ia bem longe, a encher toda a internet com esta lamúria. Mas não, referencio uma eventual causa, a dificuldade de gerir mega agrupamentos, o alargar, senão mesmo o alastrar de variáveis da gestão.Isto é, As agregações deram cabo dos projetos pedagógicos que, mesmo que implicitamente, existiam por aí.
A agregação, o juntar de escolas a torto e a direito, deu origem ao fim das poucas ideias de escola que vigoravam (assentes em pessoas, na sua experiência e no conhecimento de uma realidade, das pessoas e dos problemas que tinham pela frente, das oportunidades e das estratégias para mediar à ação).
Neste momento, pelo que vejo em redor, não existem nem projetos educativos (os que existem poucos reconhecem e quase ninguém assume, são mesmo só papel), nem projetos pedagógicos (isto é, a agregação de vontades coletivas, a concertação de ideias pedagógicas, a definição de sentidos comuns). Ou seja, numa assumida funcionalização docente.
Mas há (sempre) alternativas. Juntem-se pessoas, agreguem-se vontades, converse-se com o outro, oiça-se o outro, pare-se para pensar, sejamos coerentes entre o que dizemos e defendemos e o que fazemos. Assumam-se as dificuldades e as limitações da gestão de agregações. Desconcentrem-se responsabilidades, capacidades, processos de decisão – envolvam-se coordenadores disto e daquilo, deleguem-se competências, definam-se áreas de intervenção e ação. Criem-se e definam-se mecanismos de flexibilização curricular e organizacional, faça-se a gestão do tempo docente de outro modo, de outra forma. Recriem-se modelos de gestão e organização pedagógica.
Ah, é verdade, haja tomates de fazer diferente e assumir o diferente. Com medo não, com ousadia, planeamento, responsabilização.
Mas há que os ter.
Manuel Dinis P: Cabeça
26 de setembro, 2016
Não tás só… 🙁
Subscrevo! Palavrão e tudo…
Também eu tou cheiiiiiiinha desta merda!
Não, não é só o colega! 🙂
Como é evidente deve estar cheio de razão, mas seria sempre de evitar, para não perder a razão, e não dá mais empenho:
o “tou”
e a “merda”!!!
ou…………………… tá bem, meu, mano!!!!!