Não vou dourar a pílula, até porque já apontei falhas ao Ensino Profissional neste artigo- Falhas amadoras de um ensino que se apelida profissional. É verdade que este é visto como um percurso alternativo e não como um percurso prioritário, e também é verdade que os alunos que os frequentam são normalmente alunos com dificuldades de aprendizagens e com problemas de comportamento. Mais do que legislar, é preciso mudar mentalidades, mas mesmo que se mudem mentalidades, teremos sempre um problema no acesso ao mercado de trabalho e na pouca autonomia que estes cursos permitem às escolas e aos seus professores. Os cursos profissionais são um poço de burocracia e não estão minimamente ajustados à realidade da escola dita “normal”.
Existem excelentes escolas de Ensino Profissional e o Ensino Profissional deve ser uma aposta do nosso Governo, mas apostar, não é estabelecer metas absurdas de colocar 50% dos jovens até 2000 e qualquer coisa no Ensino Profissional. A oferta deve estar lá, acessível às escolhas dos nossos jovens, mas se querem ter mais alunos no Ensino Profissional, então acenem-lhes com um emprego e ordenado digno.
E por último, se queremos ter um Ensino Profissional com estatuto, este deve ser ajustado à realidade portuguesa e não apenas uma repetição de um modelo exterior, para que possamos usufruir dos dinheiros das “Europas”.
Mas isto sou eu a entrar no mundo das utopias…
Sobre a afirmação do Secretário de Estado João Costa
Portugal ainda não meteu na cabeça que o 12.º ano do curso de pastelaria é tão válido e tão digno como o 12.º ano do curso de línguas e humanidades. Portugal tem de meter isto na cabeça e quem tem de começar a meter isto na cabeça, em primeiro lugar, são as escolas
Tem toda a razão… nas escolas habita muito pseudointelectual que julga que a sua disciplina é o sol e o resto gira à sua volta… Desculpem lá o veneno, mas hoje estou nesses dias…
“Não é aceitável ter alunos a quem se diz ‘tu tens boas notas não, vás para o ensino profissional’. E isto é dito a alunos e não é digno nem para o ensino profissional, nem para o aluno nem para ninguém”, referiu.
Defendendo que o “ensino profissional não é uma segunda via”, João Costa considerou ainda que em última análise esta vertente até pode ser mais do que as outras, já que confere o 12.º ano e ainda um nível de qualificação.
Segundo garantiu, o Governo está a trabalhar no sentido de alterar também o peso que as provas de aptidão profissional e exames do ensino científico-humanístico têm no concurso de acesso ao ensino superior, uma vez que corresponde a “um preconceito que existia sobre o ensino profissional”, bem como a uma associação ao “facilitismo”.