Confesso que esta questão do fim dos chumbos está a causar em mim uma certa urticária. A forma como este tema está a sair para a opinião pública dá a sensação que o “chumbo” é um mero capricho, uma estratégia punitiva que os professores utilizam sem ponderarem as consequências dessa decisão.
O “chumbo” não é mais do que a consequência de uma série de fatores que ocorreram ao longo do ano. Não é por acaso que os critérios de avaliação abrangem um conjunto de parâmetros que avaliam desde a componente cognitiva à componente sócio-afetiva.
Terminar com os chumbos é apenas reprovar a consequência, mantendo as causas que a originam.
Uma das principais causas são os índices de indisciplina que existem em Portugal, não é por acaso que os países nórdicos apresentam uma taxa de reprovação muito inferior. A escola é vista de outra forma, existe uma cultura de exigência, rigor, disciplina e responsabilidade.
Alguns dos argumentos que o CNE utilizou não são novidade nenhuma. As escolas e os professores sabem perfeitamente o que é necessário para diminuir o insucesso escolar, só que a questão central não está no “como”, mas sim no “posso”. Não me esqueço quando foi feita a proposta para o contrato de autonomia da minha escola, em que os problemas foram devidamente identificados, tendo sido elaborado um plano para diminuir o insucesso escolar. Porém, a resposta da tutela foi uma “palmadinha” nas costas dizendo isso é tudo muito bonito, implementem à vontade, mas não utilizem novos recursos, leia-se, não gastem mais dinheiro…
Por isso é que esta questão me está a causar urticária. O orçamento para a educação tem vindo a diminuir ano após ano, estando neste momento abaixo da média da união europeia. Estamos neste momento a assistir a uma migração de competências para as autarquias, estando as escolas amarradas a projetos educativos que não lhes permite evoluir ao ritmo que era exigido por gritante falta de meios. Mesmo assim, assistimos a discursos utópicos e demagógicos por parte dos envolvidos. Por isso fica a proposta, mostrem primeiro o dinheiro e depois falamos…