Num tempo em que se apela aos valores e a família, os nossos governantes insistem em desfazer famílias, em aumentar os problemas e os custos de saúde e educação. Estamos, novamente, a aproximar-nos de uma época de concursos docentes e, certamente, muitas das situações ocorridas nos concursos anteriores irão repetir-se.
Assistiremos de novo a situações como as que a seguir se identificam:
- Alunos, filhos de professores, irão saltar de distrito em distrito e de escola em escola, porque os seus pais ficarão colocados a Km de distância. Não terão estes alunos tal como os outros direitos a estabilidade?
- Alunos, filhos de professores e não professores, terão aulas com professores cansados, tristes, deprimidos… pois estão afastados da família, tem de suportar despesas de duas ou três habitações (casos em que os dois são docentes e ficaram longe de casa) e não vislumbram como esticar o dinheiro para fazer face a estas despesas;
- Professores com maior graduação serão, novamente, ultrapassados por professores mais novos, com muito menos tempo de serviço e com menor graduação;
- Professores tentarão encontrar algum colega, desesperado como eles, com quem permutar e até o conseguirão, mas, entretanto, não terão autorização do ministério para permuta;
- Professores que, por tudo o descrito, se encontrarão obrigados a colocar atestados médicos. Sim!!! Isso mesmo, atestados médicos! E ninguém pode dizer que não tem direito! Ninguém pode afirmar que não estão doentes! Estão doentes sim, doentes porque se viram injustiçados, porque os seus direitos e os das suas famílias não foram respeitados, e isto consegue adoecer uma pessoa…abate-a moral e fisicamente.
O povo português tem direito a conhecer a história de quem educa os seus filhos, os seus netos, os seus sobrinhos, os seus primos, os seus amigos! O povo português tem direito a saber porque estão tantos professores doentes, tristes e deprimidos! O povo português tem direito a saber porque os seus professores estão cansados, nem sempre não são tão simpáticos como deviam e porque recorrem tanto aos serviços de saúde! O povo português tem direito a saber o que os professores sofrem e, mais ainda, tem direito a saber que esse sofrimento nos afeta a todos, pois, caso se tenham esquecido, relembro que é das escolas que vem os médicos, os professores, os políticos, os padeiros, os advogados, os sapateiros, os eletricistas…enfim todos passam pela escola. Um professor feliz e bem de saúde significa um melhor ensino, um melhor país, significa mais crescimento, mais inovação, mais criatividade, mais empenho.
São muitas as histórias de professores, muitas as vidas desfeitas e alteradas. As que a seguir se contam são apenas três das muitas histórias de professores.
O João está triste, deprimido, tem cinco anos e a educadora não percebe esta tristeza e rebeldia, o João chega a ser mal educado e a dar respostas pouco corretas. O que se passará com o João? Bem o João é do Porto e a sua mãe, aquela que o deveria criar, proteger, acompanhar, forma-lo como um bom cidadão, foi colocada a quilómetros de distância. Está no Algarve! Não, ela não pode levar o João consigo! Não tem possibilidades económicas para o fazer, pois o dinheiro mal lhe dará para pagar o parque de campismo e vir uma vez por mês ao Porto. Como seria possível garantir as despesas que teria se levasse o João consigo?
A Dona Maria chora todos os dias quando o Centro lhe vem trazer a comida. As assistentes não percebem o que se passa. A Dona Maria tem uma filha única, professora. A Dona Maria é de Viseu, a filha foi colocada em Lisboa. Esta filha todos os dias estava com a mãe, conversava consigo, fazia-lhe a comida e arrumava as suas coisas. Agora não o consegue fazer e teve de pedir ajuda ao Centro Social. A Dona Maria tem oitenta e nove anos, sabe que o seu fim se aproxima, e não percebe porque não pode ter a sua filha próxima de si.
A Rita e o Joaquim estão tristes, o pai está a fazer as malas. Vai deixá-los! A mãe chora aflita. Os miúdos não percebem o que se passa. Será que os pais se vão divorciar? Não, não vão! O pai é de Lisboa mas foi colocado em Viseu. Tem de ir…! Não, não pode recusar o lugar pois perde tempo de serviço, não será colocado novamente neste ano letivo e porque o pouco dinheiro que lhe restará no fim do mês, ainda assim, permite-lhes pagar o empréstimo habitação.
Maria Rosário Carrilho
O povo português não quer saber. Está-se nas tintas para os professores! Não é óbvio?
Ninguém está interessado em saber….
Só há uma forma de acabar com esta desgraça: eliminar os concursos nacionais.
Não será altura de despertar?
Os professores têm como missão:instruir e educar, compreender e resolver situações de conflito pessoal,familiar e social do aluno.
Por cada aluno têm os respetivos encarregados de educação, por acréscimo,cheios de ideias e exigências…um Estado que não os protege e despreza…É uma profissão ingrata que teima em existir unicamente pela paixão de quem a exerce!
quem é que se importa com isso? o pai natal? os políticos querem é engordar à custa d´outrem! – é o seu oficio!