Antes, usava-se o boné, chapéu, boina, ou algo no género na cabeça para proteger do sol, da chuva, do vento, hoje, o uso essencialmente do boné é pela faixa etária entre os 14 e os 40 anos, é mais por ser “fixe”. E usa-se o boné em tudo que seja sítio “fechado”, sem sol, chuva ou frio, parece que de modo algum como forma de protecção da cabeça mas por que “sim”.
E assim, em locais fechados, usa-se o boné. Nas restantes, como às refeições, usa-se o boné. Em todo o lado usa-se o boné. Nas aulas de condução automóvel, e por certo nos exames respectivos, usa-se boné. Nas salas de aulas, usa-se boné. Com variações de posição, mais até com a pala para trás, talvez para resguardar o pescoço. E antes por certo desadequadamente quando alguém tinha uma cobertura em cima da cabeça, por uma questão de respeito tirava-a quando outra pessoa cumprimentava. Hoje seria o que mais faltaria. E antes só se usava em sítios sem “telha”, hoje já não há “telhas”! Como não se levantaram sequer para cumprimentar, ou cumprimentando com a mão esquerda no bolso. Como não cederem passagem aos mais velhos. Que se lixem os mais velhos!
Por certo estes tempos são mais adequados, e o que muitos vivem por nos ensinarem até agora, não são regras de boa educação e respeito entre iguais, mas esquisitices de outros tempos, totalmente ultrapassados e sem razão de como tal, hoje, agir. Hoje, é que se está bem. Cada um faz o que lhe apetece, cada um acha que se estiver bem, assim é que é correcto. E, ensina-se as criancinhas de tenra idade a cuidarem só de si, e marimbarem-se para os outros. Ensina-se e cultiva-se o egocentrismo, o individualismo e o egoísmo.
Sendo que, como cada um está a adaptar-se “lindamente” a só pensar em si, a só actuar em função de si, e todos a assim “funcionar” ninguém se cuidará de nos outros, sequer, pensar.
E, quando um doido varrido entra num espaço fechado, com ou sem boné na cabeça, a matar todos de metralhadora, há um vislumbre de união e entre-ajuda, mas que esquece quando tudo se vai embrandecendo com o decorrer dos dias, quando demasiados “vivem um dia de cada vez” como se fosse possível, assim o não fazer. E cada um cobre a cabeça com o seu boné, mas tantos criticam as que usam burka, ao menos por supostas crenças religiosas, e outros querem retirar os cruxifixos de escolas e hospitais, que não fazem mal a ninguém, por que sim, e a estrela de David, por que sim.
E, talvez tivéssemos todos que pensar, algo também muito arredado destes tempos, se o boné não é para proteger a cabeça das intempéries ou é unicamente para usar por ser “fixe”. E depois tudo o resto, se devemos comer de boca aberta ou fechada, se devemos falar de boca cheia, se devemos berrar ao telemóvel, se somos só nós que existimos e os outros é que têm que desistir de tudo.
Talvez não ocupe espaço mas nos torne mais civilizados, mais solidários, menos individualistas. Não só quando alguém nos ameaça de metralhadora! E temos medo de morrer, nós, eu!
Augusto Küttner de Magalhães