Dão como um dado adquirido, nem pedem, nem agradecem e nem se lembram que a lei diz que a utilização dos meios informáticos por parte do trabalhador carece do seu consentimento.
Como é que eu posso consentir alto que não me pediram?
A questão da utilização dos meios informáticos pessoais dos professores deu água pela barba nos últimos dias. O Luís Braga, o bom “chato” como costumo dizer, teimou na questão e acabou de “castigo” numa sala de aula com um computador que demora 8 minutos a ligar, uma relíquia com 13 anos. (no final deixo a sua aventura com o seu “novo” Isidoro). Segundo consta, estas exigências do cumprimento da lei gerou muita irritação em quem manda, talvez por tornar público aquilo que era suposto ser esquecido, o Governo teve 9 meses para equipar as escolas e não o fez, e isso é uma chatice pois pode custar votos e os votos são aquela coisa chata que os mantém a fazer aquilo que tal mal andam a fazer.
(gostaria de saber se os mais de 100 mil professores se recusassem a usar os seus computadores se também os iam enviar para as escolas, que como sabemos, não têm as condições necessárias para o ensino à distância)
Compreendo perfeitamente que existam muitos professores que não gostem de abordar o assunto, pois comparam com a situação dos nossos verdadeiros heróis, os médicos e enfermeiros. Têm toda a razão, eu próprio quando penso no assunto curvo-me de vergonha por considerar ou solicitar qualquer regalia. Mas as moralidades precisam sempre de ser enquadradas, pois se começamos com comparações, daqui a nada terminamos em países que nem sequer têm um sistema nacional de saúde e onde os nossos hospitais são autênticos luxos comparando com a sua realidade.
O mínimo que a decência obriga, é que quem é obrigado a fornecer os equipamentos e até canta de galo quando exige que o setor privado o faça, tivesse a humildade, a dignidade, de pedir aos professores se não se importavam de ajudar o país numa altura tão difícil. E argumentos não faltam para que até exista alguma compreensão por parte dos professores que em março, convém lembrar, não pediram nada e arregaçaram as mangas em nome de uma causa que deve merecer o carinho e respeito de todos nós a Educação.
Hoje é domingo, amanhã às 8 da manhã estarei online e irei usar o meu computador, mas quem emprega não o sabe, pois nem sequer se deu ao trabalho de perguntar se tinha as condições materiais para o fazer. Perguntaram-me se tinha limitações ao nível de conhecimento informático, mas quanto ao resto não. Felizmente aqui em casa está tudo pronto, pois sou um dos felizardos que consegue ter computadores suficientes para os 3 membros do agregado familiar estarem online, em simultâneo, e cada um na sua divisão. Um verdadeiro luxo para milhares de famílias.
Lembro o nome da Tutela, Ministério da Educação, repito Ministério da... Educação… Que eu saiba faz parte da boa educação pedir algo quando não se tem e não exigir algo quando não se tem…
Lembro também que este é o Ministério que criou as aulas de Cidadania, onde os valores e a formação transversal do aluno são essenciais.
Estamos a falar de algo básico, elementar e quando algo tão simples não é cumprido, vemos bem o caráter de quem manda e de quem não têm a dignidade para colocar o lugar à disposição, de modo a afastar-se desta vergonha completa!
Alexandre Henriques
Simplesmente verdadeiro…existem tantos e tantos “Isidoros” pelo país fora…
Segunda feira e dias seguintes, também irei dar aulas ([email protected]) a partir de uma sala da sede do meu agrupamento… o motivo já todos sabem…não há computadores para facultar aos professores…
Deixo um link para que recordemos um pequeno apontamento visual que continua muito atual e sempre a propósito do assunto em questão.
Laura Coito (professora no AEAMARES)
https://healthnews.pt/2021/01/29/o-pinoquio-da-educacao/