Hoje o ComRegras foi notícia. O estudo que andou a ser preparado nas últimas semanas, viu finalmente o nascer do sol e graças à Agência Lusa apareceu um pouco por todo o lado. Naturalmente que fico satisfeito por ter atingido aquele que sempre foi o primeiro objetivo desta casa. Alertar e tentar mudar consciências sobre a forma como se tratam os assuntos disciplinares em Portugal.
É preciso ter noção da escassez de recursos que as escolas têm ao seu dispor. Quase todo o trabalho que é feito ao nível disciplinar é por amor à camisola. Aliás, se não estivéssemos a lidar com crianças e se os docentes e não docentes fossem mais egoístas, não era o Ministério de Educação que era suposto implodir (já dizia o outro), era sim, a escola como a conhecemos…
Espero que o estudo que hoje foi apresentado – e se as escolas o permitirem, terá continuidade no próximo ano letivo – seja o início de uma nova abordagem às questões disciplinares. Está na altura de termos uma reação proativa e menos reativa, e talvez assim consigamos fazer algo diferente, algo melhor. Que os bons exemplos que existem por esse país fora, não sejam apenas “ilhas de dedicação” e passem a fazer parte de um modelo generalizado, organizado, que saiba o que está a combater e não ande ao sabor dos ventos mediáticos que correm em alguns jornais mais populistas.
Até hoje não tenho falado muito sobre o que se faz na minha escola, mas julgo que está na hora de dizer que esta tem um modelo – que podem consultar em cima no separador Gabinete Disciplinar -implementado vai fazer 5 anos e que apresenta resultados muito interessantes.
Estou a falar do Agrupamento de Escolas de Campo Maior (sim, tem bom café ;)) e desde que começámos a trabalhar, em conjunto com a restante comunidade escolar, houve uma redução de 50% do número de participações disciplinares e processos disciplinares. Quanto ao número de alunos que tiveram pelo menos uma participação disciplinar ao longo do ano, houve uma redução de 30% para 10%. E nos últimos rankings, fomos a 3ª escola pública que mais subiu. Haverá sempre quem queira desvalorizar estes números, mas factos são factos e o resto são tretas!
A disciplina é irmã gémea do sucesso. O insucesso gera indisciplina, e a indisciplina gera insucesso. O meu dia-a-dia é uma prova do que afirmo e existe uma linha muito ténue que todos, repito, todos, temos de caminhar – tutela, diretores, professores, pais, assistentes operacionais e naturalmente alunos.
Se queremos realmente diminuir a indisciplina em Portugal precisamos de passar por 3 fases:
1- Diagnosticar, tendo como base números reais e não apenas opiniões de inquéritos.
2- Definir Medidas.
3- Implementá-las.
Parece fácil, não é? O problema é que só hoje foi dado o primeiro passo para um diagnóstico real e não baseado em opiniões que por muito que digam são reféns de estados de espírito. É preciso ouvir os números, a sua evolução, para onde caminham, a tipologia de indisciplina, comprovar modelos eficazes de combate à dita e confirmar quais as dinâmicas de sala de aula que motivam alunos e já agora professores…
Hoje foi o dia que conhecemos a ponta do icebergue.
Ficam algumas das notícias que encontrei e o comentário do José Morgado no seu blogue Atenta Inquietude
Alunos do terceiro ciclo são mais indisciplinados – RTP
Participações disciplinares são mais no 3.º ciclo, durante 1.º período e à tarde – Público
Disciplina nas Escolas: Mais queixas no 3.º ciclo, no 1.º período e à tarde – Diário Digital
Maior número de participações acontece no 3.º ciclo – Observador
Participações disciplinares são mais no 3.º ciclo, durante 1.º período e à tarde – Educare
DA INDISCIPLINA ESCOLAR – Atenta Inquietude