Fica a notícia do Correio da Manhã que deu grande destaque ao assunto na sua 1ª página.
A Fenprof, a FNE e outras oito organizações sindicais prolongaram ontem a greve às reuniões de avaliação de alunos até 13 de julho. A paralisação arranca na próxima segunda-feira e vai travar o lançamento das notas de quase um milhão de alunos.
A entrega do pré-aviso de greve aconteceu no dia em que o ministro da Educação foi ouvido no Parlamento e não desbloqueou o impasse em torno da recuperação do tempo de serviço congelado. Tiago Brandão Rodrigues disse estar disponível para negociar o período de tempo a recuperar para reposicionamento na carreira, mas os sindicatos não abdicam da totalidade: nove anos, quatro meses e dois dias.
O ministro, que ofereceu aos sindicatos dois anos, nove meses e 18 dias, afirmou estar disponível para continuar a negociar, mas frisou que “é preciso dois para dançar o tango”. Mário Nogueira, líder da Fenprof, que assistiu ao debate de atualidade agendado pelo PCP, sugeriu ao ministro “para dançar sozinho o fandango”. As deputadas Heloísa Apolónia (Os Verdes) e Joana Mortágua (BE) acusaram o ministro de fazer chantagem com os sindicatos quando apresentou a opção de recuperar 30 por cento do tempo ou nada.
O ministro negou qualquer chantagem. “A senhora deputada não vai poder pôr na minha boca o que outros disseram: a chantagem não faz parte do meu léxico”, respondeu Tiago Brandão Rodrigues, defendendo que, “às vezes, a verdade estraga uma boa história”. Mário Nogueira, que tinha denunciado a alegada chantagem do ministro, reiterou esta sexta-feira que durante as negociações o governante propôs 30% ou nada “em três mesas negociais”.
PORMENORES
Não estava no programa
O ministro lembrou que o descongelamento da carreira docente constava do programa de Governo, mas a recuperação do tempo congelado não.
Medidas de valorização
O ministro da Educação sublinhou medidas que tomou de “valorização dos professores”, como o fim da Bolsa de Escola, o fim da requalificação e o fim da prova docente.
400 escolas sem avaliação feita
O Sindicato de Todos os Professores (STOP), o único que marcou a greve entre dia 4 e ontem, garante que em cerca de um terço (400) das escolas as reuniões de avaliação ficaram por concretizar. O sindicato criado em fevereiro promoveu ontem uma conferência de imprensa/protesto nas escadarias da Assembleia da República, em Lisboa. André Pestana, da direção, frisou que o STOP também marcou greve a partir de segunda-feira.
Segundo a sindicalista Aurora Lima, “em muitas escolas tem havido adesão de 100 por cento”. A docente deu o exemplo de escolas em “Linda-a-Velha, Lisboa, Arganil, desde o Norte ao Alentejo, Loulé, Albufeira”.
Os professores estão a criar um fundo para apoiar os professores em greve, nos quais até aposentados têm participado.
“Estamos a lutar pelos nossos alunos. Ninguém mais do que os professores sabe da fome, dos problemas sociais, políticos, da falta de participação. Não é o lóbi dos professores, estamos a lutar todos de norte a sul pela escola pública, pelos alunos e pelos pais desses alunos”, afirmou Aurora Lima.
“Este final de ano será um caos”
Filinto Lima Associação de Diretores (Andaep)
CM – A greve tem travado muitas reuniões de avaliação?
Filinto Lima – Esta greve ocorreu um pouco por todo o País, mas a grande greve, marcada pela Fenprof e FNE, começa na segunda- -feira. São mais anos de escolaridade, inclui o 1º ciclo e prevejo muitos problemas.
– Um grupo de cerca de 40 diretores, no qual se inclui, tomou posição contra a nota informativa do Ministério da Educação. – Decidimos só ratificar as deliberações dos conselhos de turma que funcionarem legalmente.
Penso que o ME devia esclarecer o que quer dizer no ponto 3 da nota, que fala na recolha antecipada das notas, e que está a criar dificuldades.
– Que solução antevê? – É um problema tão graúdo que já ultrapassou a esfera da Educação e está nas mãos das Finanças e do primeiro-ministro. Sem solução a curto prazo, o final do ano letivo será um caos nunca visto, com reflexo no arranque do próximo ano letivo.
Impasse com professores está a ameaçar estabilidade da geringonça
A recuperação do tempo de serviço congelado aos professores está a ameaçar a estabilidade da geringonça. Este será, de resto, um dos temas fortes da discussão do Orçamento do Estado de 2019. Na próxima semana começam já as reuniões entre Governo, PCP, Bloco de Esquerda e Partido Ecologista Os Verdes. O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, e o deputado António Filipe já deixaram claro que o Orçamento de 2019 terá de contemplar uma solução para a classe docente. O Bloco de Esquerda e Os Verdes também não aceitam um adiamento do problema. O Presidente da República já avisou para o risco de instabilidade.
Fonte: Correio da Manhã
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