Sim! Estive numa escola em que o número de alunos de etnia cigana era muito elevado, cerca de 200 alunos. O preconceito era claro e por parte de TODA a comunidade educativa.
Existem motivos para esse preconceito?
Infelizmente não posso dizer que não, os próprios alunos de etnia colocam-se à parte da restante comunidade escolar e é verdade que alguns são peritos em outras áreas de caráter menos legal digamos assim. A inclusão de mediadores de etnia foi um passo muito importante em estabelecer pontes entre ambas as partes. Algo tão simples como uma professora dar uma ordem a um aluno cigano pode ser um problema, pois na sua cultura a mulher não manda no homem… Existem evidentes diferenças e incompatibilidades que fomentam o preconceito.
Mas o preconceito é justo?
Não, enquanto responsável por uma equipa disciplinar, percebi que existe mais fama do que “proveito”. Os casos mais graves de indisciplina não foram de alunos de etnia e a quantidade e regularidade de problemas causados eram transversais a toda a população escolar, sejam ciganos, não ciganos, ricos, pobres, altos, baixos, gordos, magros, etc…
Existe uma clara evolução na integração destes alunos, onde já é possível encontrar alunos de etnia no Ensino Superior. Mérito destes, dos seus pais e dos professores. Porém, é verdade que são vários os casos de pais de alunos de etnia, que apresentam estranhos sinais de riqueza, acumulando subsídios e direitos (casas) que as autarquias lhes concedem e que muitos outros não têm direito, ou não usufruem. É por isso natural que exista alguma revolta por parte da restante sociedade.
Mais do que dar subsídio para o aluno estudar, este, ou parte deste, deve estar dependente do seu sucesso escolar. Quem não conhece casos de pais que só vão à escola quando se fala na questão do subsídio? Seja cigano ou não cigano…
Os mesmos direitos sim, mas os mesmos deveres também…
Marcelo fala de preconceitos e intolerância para com estudantes ciganos
(LUSA via Público)