Estamos a viver um tempo, em que “não” se sabe e muito menos se quer, fazer esforços e por vezes até sacrifícios, para se pode “alcançar” momentos de bem-estar.
E, não se trata, aqui, de “citar” quaisquer correlações religiosas ou sobre-naturais – algo que não envolve que “isto” escreve – mas unicamente vivências, hoje e agora, neste mundo real, e, o único que se pode estar certo de existir!
E, vivemos, cultivamos e incentivamo-nos ao que nos “tem” que proporcionar o “bem-estar imediato”, já. Um dia de cada vez, vivê-lo bem, bem, bem.
E, todo um processo consistente e programado/pensado – algo tão em desuso nestes dias – está fora da cogitação de quase todos. É uma maçada. Seria o que mais haveria de faltar.
Assim, tem que se ir jantar ao restaurante mais “in” , tomar o café no local mais “badalado”, dormir no hotel mais “fixe”, e nem sequer bem aproveitar, antes tirar muitas selfies para mostrar que lá e esteve. E pagou bem!
E, em simultâneo “ter” o automóvel mas vistoso que ande “por aí”, e já nem com o gozo de utilizar, mas unicamente para o mostrar!
E, tudo feito a correr, para proporcionar o tal imediatismo/individualista.
E, esta procura de bem-estar imediato, demasiado fácil, não permite o percurso de procura, de esforço, de espera e de no final, ter de facto o gozo de ter conseguido e sê-lo bem aproveitado. Não, nem pensar, não é imediato! Não vale.
O mesmo, e ainda muitíssimo mais grave, acontece com os relacionamentos, e por isso somos os campeões – em alguma teríamos que o ser – em divórcios na Europa. Com, 70%, no total de casamentos.
Não há pachorra em “aturar” o outro/outra, seria o mais faltaria, só enquanto é bom/boa serve, e enquanto proporciona bem-estar imediato, depois é descartável, tem que ser substituído/substituída. Deitar fora e arranja outra /outro. Pior que tantos animais, inferiores a nós!
Tudo frugal, tudo rápido, tudo “usar e deitar fora”, tudo para ontem, tudo para o “meu” bem-estar, “já”, mesmo que implique o mal-estar de outro ou outros. “Isso“ é o que menos importa!
Claro que esta vontade obsessiva de só querer o “bom” para o “eu” e “já” de qualquer forma e feitio, o tal “não olhar a meios para atingir os fins e imediatos”, é muito insuficiente e cria demasiados vazios, e embrutece-nos, como Humanos, que ainda somos. Animaliza-nos, ao mais baixo que um animal consegue ser!
E, com o “económico e o financeiro”, que tudo conseguem, mesmo que por formas menos límpidas e em grande decréscimo para as maiorias.
Dado que só 1% da população mundial tem crescimentos exorbitantes de “posses e poderes”, endividamo-nos, separamo-nos, regressamos já nos “entas adiantados” a casa dos pais, descuramos as descendências que tivermos “feito”, e tudo vai “ter” que acabar mal.
E como só é exequível viver no hoje, claro que não só de “sacrifícios – seria demasiado enfadonho e inútil – projectando o futuro, tendo e continuando a ter que recolher conhecimentos no passado, mas não, estamos com este imediatismos de bem-estar, que estão cheios de vazio de ideias e ideais, e tudo mais.
Por certo tudo vai ficar de mal a pior, o que para muitos já “vem” a acontecer, e, não o queiram ou sequer consigam/saibam assumir, pelo que façam constantes “fugas em frente”. Mais tombo atrás de tombo!
Quando tudo e todos batermos mais fundo – mesmo os poucos que não tenhamos conseguido ser apologistas deste bem-estar imediato e inconsequente – , e tudo se desconjuntar, a pulso , do nada, aí com tremendos sacríficos, se vai refazer algo do que de bom havia.
E não havia de facto necessidade, de fazer este percurso tão declinante!
Mas, seja!
Augusto Küttner de Magalhães