«Importa refletir:
Duas situações na mesma semana e com desfechos imediatos (e tratamento mediático) completamente diferentes (a médio/longo prazo, acredito que o desfecho será muito diferente também).
* No primeiro caso, os pais de uma jovem agridem 4 adultos (dois professores e dois auxiliares), no segundo caso professor agride jovem aluno (13 anos);
*No primeiro caso dois dos agredidos seguem para unidades de saúde para serem avaliados e tratados e após tratamento apresentam queixa , no segundo caso, o aluno foi também a uma unidade de saúde, mas não apresentou queixa (até ao momento);
*No primeiro caso não se sabe se os agressores foram já ouvidos; no segundo caso, já foram ouvidos todos os intervenientes;
*No primeiro caso não há indicação (pelo menos eu não encontrei em nenhuma das notícias que li) de acompanhamento psicológico dos agredidos nem dos colegas, no segundo caso sim;
*No primeiro caso é instaurado um processo disciplinar ao agressor, no segundo caso há uma suspensão da aluna, que originou o caso, por cinco dias;
*No primeiro caso, a Associação de Pais não teve qualquer atitude de apoio aos agredidos ou repúdio à atitude dos agressores (pais), no segundo caso, foram rápidos a fazê-lo;
*No primeiro caso, a imprensa diz que pai TERÁ (pode ter ou não, não vamos condená-lo em praça pública antes de todos os dados estarem apurados), no segundo caso, a imprensa diz que professor AGREDIU (condenação pública imediata).
Dei-me ao trabalho de analisar estes dois casos porquê? Porque a violência, seja ela qual for, no caso que for, sobre quem for, nas circunstâncias que for NÃO É VÁLIDA, NÃO É ACEITÁVEL, NÃO DEVE SER APOIADA, APLAUDIDA OU CONDECORADA, DEVE SER REPUDIADA, SANCIONADA, ELIMINADA.
No entanto é necessário proceder à análise destas situações para se perceber o quanto é diferente a forma de encarar destas duas situações. Todos os dias temos situações semelhantes à do caso de Valença. A grande maioria não chega a praça pública e os agressores não veem castigo ou é tão pequeno que não dissuade a reiteração do mesmo. No entanto isso não desculpa o segundo caso.
Acredito que não seja tudo tão linear como tem sido veiculado na imprensa e tenho pena, muita pena, que a profissão pela qual me apaixonei, que não deixo porque gosto muito do que faço, seja tão mal vista, tão desacreditada, tão vilipendiada.
Urge agir com igualdade em casos de violência e aplicar a mesma rapidez e dureza na forma de atuação em ambas as situações.»
Texto da colega Ana Branquinho