Nos últimos tempos tem-se falado sobre a possível mudança nas regras dos concursos.
Se não estivéssemos em Portugal e não funcionasse o sistema de cunhas, que muitos ainda se lembram do tempo das BCE, talvez houvesse só prós, como não acontece, temos contras!
O princípio da municipalização e as suas dinâmicas poderiam ser uma solução, pois o facto de estarem próximos das escolas e dos agrupamentos que tutelariam, teriam a possibilidade de responder com maior brevidade às necessidades da comunidade escolar, escolher os professores através da experiência profissional, currículo formativo por forma a adaptar o perfil do professor à comunidade!
Sou defensor de uma gestão de proximidade, por principio, mas tenho assistido nos últimos tempos a muita coisa que me obriga a abandonar esta defesa! Há muitos posicionamentos políticos para futuros cargos, abertura de novos departamentos nas Câmaras Municipais com a finalidade de “alojar” esses boys com a desculpa da Municipalização!
Uma desilusão, tenho de admitir! Sabemos que nos países nórdicos a proximidade na gestão e a autonomia dos órgãos regionais de educação são sem dúvida dois dos mais importantes factores de progresso e sucesso académico, já por cá apenas é visto como mais uma possibilidade de “cunhar” os amigos!
O concurso tem defeitos, sim e não são poucos, e já nem a graduação é tida como única forma de contratação, basta que se façam opções diferentes nas escolhas e facilmente podemos ser ultrapassados por colegas menos graduados!
Dirão vocês, são escolhas, direi eu, então a a exclusividade da graduação é uma farsa!
Por tudo isto, parece-me de facto que poderá ter de haver algumas mudanças no formato! Mas é preciso cuidado!
Vamos por partes, por um lado temos os diretores com vontade de também eles poderem ter alguma influência na contratação de professores para o seu agrupamento, por outro lado temos os Sindicatos que veem essa possibilidade como um retrocesso às “cunhas” das BCE, os professores estão dividido e a tutelaA cheia de vontade de libertar-se deste ónus. Temos um problema!
Uma negociação deste género deverá ser feita na próxima legislatura, para aplicar logo no primeiro ano de concurso ou no máximo no segundo, pelo que a classe deverá preparar-se para esse debate, sejam os professores, sejam sindicatos…
Seria interessante que os sindicatos, que recebem milhares de euros dos associados, começassem já a tratar de uma proposta de concurso, consultando os associados, agregando o maior número possível de opiniões e sugestões de toda a comunidade implicada!
Esse trabalho, para além de útil, serviria para “limpar” a imagem dos Sindicatos que são muitas vezes vistos, pelos próprios associados, mas sobretudo pela sociedade civil, como os reivindicativos que não apresentam propostas!
Não basta criticar, importante é arranjar soluções…já que falamos em soluções gostava que encontrassem uma, em uníssono com a sociedade educativa, para acabar com a indisciplina nas escolas!
Alberto Veronesi
Está muito enganado! A municipalização da educação foi uma das questões principais da destruição da Escola Pública na Suécia, que está nas ruas da amargura… E estamos a falar da Suécia…
Quando forem as escolas ou os municípios a colocarem os professores é o princípio do fim do que restará da Escola Pública em Portugal e é fácil perceber porquê… Um país onde, já hoje, grande parte das direcções doa Agrupamentos fazem o que o senhor presidente da Câmara deseja e um caciquismo viçoso em muitas das autarquias do luso território… Uma desgraça absoluta!
No dia em que os directores puderem contratar os professores a desgraça será ainda maior! Os sindicatos não devem fazer nenhuma negociação desta natureza! Será uma traição imperdoável à classe docente! Não sendo um sistema perfeito a actual sistema de colocação de professores é menos susceptível de esquemas e compadrios , que serão inevitáveis… e já não falo numa coisa muito mais grave que é a chantagem e o silenciamento de professores através das contratações…
A acontecer uma tentativa desta natureza prevejo uma reacção muito mais forte do que a célebre manifestação do tempo de MLR! Quem são os senhores directores, que nem sequer foram eleitos, para mexer com a vida , também pessoal, de milhares de colegas???? Não brinque comigo Alberto! O PS se se meter em tais trabalhos vai amargar duramente! Estamos a falar de uma questão muito mais fracturante que a contagem integral do tempo de serviço! As pessoas não são estúpidas nem se colocarão a jeito da boa vontade do senhor director!!! Mexam lá no sistema de eleição dos directores, eleições diretas… Ah, pois, isso já não dava jeito para serem, não todos , bem sei, as correias de transmissão das políticas flexibilizadoras do secretário Costa!
Os diretores representam os interesses da região, no sentido literal do termo. Muitos diretores, de lápis na orelha, aplicam o que convém, a indivíduos com uma alfabetização atamancada e que palitam decisões sobre a escola. A derrocada da escola pública há muito que está em marcha, uns trabalham para a derrocada da escola pública porque são incautos e patetamente alegres, outros por perversidade. Em qualquer dos casos a Democracia está indexada à escola pública, quando se prepara a derrocada da escola pública, está a preparar-se a derrocada da Democracia.
A escola tradicional, anterior ao 25 de abril, com a sua exigência, produziu os capitães de abril e a Democracia. A escola atual, com a massificação, o facilitismo e a irracionalidade do seu funcionamento, está a preparar a falta de espírito crítico, a estupidificação, o embrutecimento e por consequência, a derrocada da Democracia. A Democracia será paulatinamente e insidiosamente travestida numa aberração qualquer, ninguém terá as ferramentas para se aperceber e defender disso porque o intelecto será progressivamente silenciado. Primeiro é preciso usar a escola e a comunicação social para estupidificar as massas. Acabar com a autonomia docente e jornalística. Resta saber se a civilização ocidental sobreviverá a esta astúcia.
Colega subscrevo totalmente a sua resposta!!!!
Totalmente de acordo Euzinho.
Totalmente de acordo, infelizmente!
Excelente, Euzinho!