Hoje em muitas escolas, como na minha, está a ser afixada nas salas de professores (e enviada por correio eletrónico) uma alegada ordem da Ex.ma Senhora DGESTE para fazer reuniões com menos quórum que o legal e dentro de um prazo arbitrariamente definido, tendo em vista bloquear o exercício do direito à greve.
Os partidos da esquerda da geringonça estão calados, no que seria um momento de rasgar de vestes monumental, fosse o governo, com tais hábitos à Henry Ford, composto pelos partidos das setas.
Mas esta investida da DGESTE tem coisas cómicas. O “documento” que gera tudo isto, sendo um mail, é um documento eletrónico.
O que me foi enviado em papel (impresso) ou a cópia remetida por correio eletrónico sofre de um problema: não está assinada.
Um documento eletrónico (um mail, na linguagem comum) para ter a validade igual à de um que tenha assinatura manuscrita deve ter assinatura digital (eletrónica).
Todos nós temos uma (os “códigos” do cartão do cidadão). Por exemplo, uma sentença judicial tem assinatura eletrónica, porque o processo está desmaterializado, mas, mesmo impresso, o documento faz menção disso e, em suporte digital, temos acesso ao certificado de assinatura.
Vão lá ler o mail que receberam. O que lá tem no fim (normalmente num pdf de impressão) é o nome da pessoa que alegadamente o escreveu, sem qualquer tipo de certificação ou validação.
Teoricamente até pode ser um hacker, que criou um endereço com o acrónimo dgeste, e se está a divertir com tudo isto. Não foi enviado em suporte papel para vermos a assinatura manuscrita. Sem assinatura eletrónica, falta um elemento de validade essencial e obrigatório para a força vinculativa.
Ninguém quer saber disto e vão dizer que é bizarria minha. Quando vos fizerem uma fraude com habilidades destas perceberão….e serão mais exigentes.
A questão é um detalhe, mas mostra a qualidade dos nossos dirigentes. Tanto simplex, tanto websummit e nem assinam os documentos eletrónicos.
Diz-se por aí que há diretores ameaçados de processo disciplinar.
Em tempos estive nesse lado. As ameaças eram sempre verbais e nunca ninguém, mesmo eu insistindo, as passou a escrito. Neste caso, nem a ordem que se tenta fazer cumprir está devidamente assinada.
E a desculpa de que isso resulta de ser mensagem colocada no sistema de comunicação interna da DGESTE não colhe. O meu endereço não está nesse sistema e para um documento (para mais deste tipo) ser válido tem de ter certificação digital. E este objetivamente não se prova que tenha.
Pedi à minha diretora para me enviar cópia com a devida certificação.
E eu até nem quero saber: estou em greve a todas as reuniões.
O mais cómico é que se a ordem não está assinada quem a está a dar são os diretores (porque esses imprimem o mail e depois fazem uma remissão para o texto, assinando em manuscrito).
Peço desculpa à Ex.ma Senhora DGESTE… Não deu ordem ilegal nenhuma, o problema são mesmo os diretores que tanto rigor põem em tanta coisa e nem verificam as assinaturas das ordens que recebem (que são condição essencial de validade, como nos dizem, quando nos mandam assinar atas 50 mil vezes….)
Gosto muito de ler o que escreve. Fico sempre a pensar e sinto-me menos angustiada.
Já percorri algumas escolas e verifico que, de um modo geral, há uma preocupação exagerada com como e o que se escreve nas atas. Não raras vezes, recebo orientações cheias pormenores que a meu ver são insignificantes e o essencial fica por dizer e algumas vezes por fazer.
Aqui em casa também já se comentou que se a realidade governativa fosse outra já tínhamos o PCP todo em manifestações diárias e Bloco de Esquerda a imolar-se em hora de abertura do telejornal. Para não falar que a cobertura mediática seria equivalente à do SCP e do seu dirigente Bruno de Carvalho.
Obrigada pela permanente actualização.
Estou inteiramente de acordo com a opinião da Colega Joana.
Atentamente
Américo Silva – Grupo 420 Geografia; Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa – Faro