Todos estão a par dos anúncios sistemáticos de reforço de funcionários escolares. Chamo-lhes os anúncios dos anúncios, dando a sensação que se está a fazer alguma coisa, quando na realidade só se está a empurrar o problema com a barriga. Em tempos de pandemia, a falta que existia torna-se ainda mais evidente sempre que algum funcionário entra em período de quarentena ou fica doente por qualquer motivo.
Nas últimas semanas foi público que há diretores que estão fartos e começam a tomar posições de força para proteger a “sua” escola. Louvo estes diretores que colocam a “sua” escola à frente de qualquer subserviência inócua, da apatia do “não levantar ondas” para agradar às chefias, esquecendo-se que o bem maior é a defesa da sua comunidade escolar.
É com exemplos como o que vamos ver de seguida que percebemos a influência e o peso que as autarquias têm nas escolas.
Os funcionários pertencem ao pelouro das Câmaras Municipais, e tal como em muitas outras escolas, a falta de funcionários é uma realidade de âmbito nacional. Em Gondomar, a direção ousou dizer basta e anunciou que a escola não iria abrir. Seguindo um princípio tipicamente português, do ter que fazer “barulho” para finalmente ser ouvida. Soaram logo os alarmes e a Câmara de Gondomar rapidamente prontificou-se a resolver o problema.
Pergunto…
O que terá levado a diretora a uma medida tão drástica? Não terá ela alertado vezes sem conta para o que se estava a passar? Por que razão não terá sido ouvida atempadamente?
E assim constatamos que a Escola, ou neste caso a sua direção, já não manda nada, não tem poder para resolver algo tão elementar como ter funcionários suficientes para as tarefas diárias. Tendo inclusive de passar pela humilhação de ver a sua escola exposta na comunicação social pelos piores motivos, com consequências naturais no relacionamento institucional com a autarquia.
Pena é que a autarquia não se tenha colocado ao lado da sua Escola, e se Gondomar for semelhante a tantas outras realidades, o que foi feito foi um remendo que não resolve nada a médio e longo prazo.
Infelizmente vivemos numa sociedade de aparências, onde o que conta é o que passa para o exterior, mesmo que no interior o colapso seja evidente.
Tristes hábitos estes e que teimam em permanecer…
Fica a notícia.
Covid-19. Câmara de Gondomar garante que escola Marques Leitão abre na segunda-feira
Horas depois de ter sido conhecido o comunicado da direção do agrupamento escolar, a explicar aos encarregados de educação que a Escola Básica Marques Leitão, em Valbom, Gondomar, ia estar encerrada esta segunda-feira, por falta de funcionários para cumprir as diretrizes da Direção-Geral da Saúde (DGS) relacionadas com a covid-19, a Câmara de Gondomar anunciou este domingo à noite que afinal não será assim.
De acordo com a autarquia, estão garantidas as condições para o normal funcionamento da escola básica, “dentro das normas de segurança”, pelo que o estabelecimento abrirá na segunda-feira “para todas as turmas”.
No comunicado enviado aos encarregados de educação, a direção do agrupamento informava que a escola iria encerrar na segunda-feira, já que nesse dia iria contar com menos três funcionários, que cumpririam o terceiro e último dia de isolamento, por instrução da linha Saúde 24.
Com este défice de pessoal, lia-se no comunicado, faltam “condições mínimas de segurança que permitam o normal funcionamento das atividades letivas”.
Num post publicado posteriormente na rede social Facebook, a Câmara de Gondomar esclarece não ter sido contactada no decorrer da tomada de decisão de encerrar a escola, tendo, inclusivamente, o presidente da autarquia, Marco Martins, e a vereadora da Educação, Aurora Vieira, se reunido com todos os diretores de agrupamento do concelho na sexta-feira.
Desta forma, é acrescentado, a “escola básica 2/3 Marques Leitão abrirá amanhã [segunda-feira] para todas as turmas”.
A autarquia refere ainda que manterá “contacto direto com o delegado regional e o agrupamento escolar, acompanhando novas informações que possam surgir”.
O município de Gondomar, no distrito do Porto, regista 1.289 casos confirmados de infeção pela covid-19, de acordo com dados da Direção-Geral de Saúde reportados a sábado.