Infelizmente, nos últimos dias, o país assistiu a uma das maiores tragédias de fogo de que há memória. Muitas vítimas a lamentar, o trabalho dos corpos de intervenção a louvar, uma sociedade civil solidária e interventiva a gabar.
O Ministério da Educação decretou a suspensão das aulas e dos exames, por tempo indeterminado, nos municípios de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Sertã (Castelo Branco) e Pampilhosa da Serra (Coimbra), devido aos incêndios que lavram na região.
No entanto, há escolas que optam por estar abertas!
Nestas escolas, que escolhem abrir portas em acolhimento, os exames são uma não-questão. As prioridades são outras: acolher e regenerar.
Escolas que abrem de novo os portões, no rescaldo da tragédia (ou ainda durante a crise)
para que as crianças retomem o seu quotidiano, encontrem um espaço de refúgio ou, pelo menos, sejam afastadas dos “teatros de operações”, termo que vem dos cenários de guerra e designa o ambiente das trincheiras. Ambiente impróprio para crianças e jovens.
Orgulho-me de uma Escola Pública que não é, como por vezes a pintam, puxada a greves.
Orgulho-me de uma Escola Pública que vai acolher estes sobreviventes, alguns orfãos, todos traumatizados, depauperados. Meninos que regressam à escola onde vão faltar colegas, que regressam à escola tendo perdido os seus lares, tendo visto a família desmoronada, a comunidade em ruínas…
Orgulho-me de uma Escola Pública que cumpre também esta função social e de educação integral das crianças e jovens. Educação que, neste caso, equivale a regeneração do trauma e do luto.
Educação com letra grande.
Bem haja, Sr. Secretário de Estado.
Excelente texto Marta. Parabéns!
Obrigada, Alexandre. É preciso defender a nossa dama e salientar os aspectos positivos da Escola Pública, tantas vezes desvalorizada. Para além disso, há que dar valor a exemplos de humanismo nas instituições.