Facilitismo… tenho ouvido de tudo esta semana.
Críticas porque as ideias das escolas para combater o insucesso escolar não são aplicáveis de forma genérica. Consequentemente impossíveis de aplicar pelo ministério.
Passando por críticas ao governo porque quer aumentar a autonomia dos professores para gerirem os conteúdos, “emagrecendo” os programas.
Ou até que “anda tudo louco… depois do governo pedir para as escolas não chumbarem, até o presidente do CNE acha que os chumbos devem acabar”.
Esta tem sido a semana do facilitismo. Pelo menos no que respeita à Vox Pop ou como quem diz a algumas vozes críticas de tudo o que é feito na área da educação que a afaste do conceito de que muitos chumbos é sinal de rigor.
Pegou-se num conjunto de ideias, algumas delas reivindicadas há já algum tempo pelos professores, como é o caso da adequação dos programas. Juntaram-se as medidas produzidas pelas escolas para combaterem o seu insucesso. E acrescentou-se a ideia que o governo tem transmitido que o chumbo deve ser uma medida de recurso, que se devem procurar formas de levar o aluno a superar as suas dificuldades evitando o chumbo. Mexeu-se tudo muito bem e serviu-se a receita do facilitismo.
Pois não posso discordar mais desta ideia pré-concebida de que chumbo é igual a rigor, que programas mais densos são necessariamente melhores ou que as medidas do ME devem ser aplicadas sem as necessárias adequações ao contexto.
No que respeita aos chumbos, a pergunta deve ser: para que servem as notas?
E as respostas:
- Para chumbar ou passar os alunos.
- Para aferir o nível de desenvolvimento dos alunos.
- Para controlar a indisciplina e punir os alunos.
- Para ordenar os alunos do melhor para o pior.
- Para proporcionar condições para os alunos seguirem o percurso escolar e de vida que desejam.
- …
Porque as notas devem ter um efeito positivo na carreira académica dos alunos, das que enumerei antes acredito que a respostas certas são a 2) e a 5) estando também correta a 4) no Ensino Secundário e diretamente relacionada com a 5). No entanto nenhuma delas faz depender o seu propósito diretamente da retenção.
Assim sendo, o chumbo assume mais um papel punitivo do que de melhoria da qualidade das aprendizagens, uma realidade que acaba por ser natural na escola, mas que não pode ser generalizada a menos que acreditemos que cerca de 35% dos nossos alunos merece ser punido.
Já no que respeita à autonomia das escolas para aplicar medidas de combate ao insucesso ou à autonomia do professor para gerir de forma adequada o programa, são medidas que o único mal que lhes vejo é pecarem por tardias.
Artigos dos Jornais:
“Mais de mil ideias contra o insucesso escolar”
“Não há nada mais fácil do que reprovar maus alunos e ser professor de bons”
“Governo emagrece currículos escolares”
“Chumbar tem efeito nulo nos rapazes e pouco positivo nas raparigas”