A indefinição do futuro nunca foi tão notória como agora, programa-se a curto prazo dando pequenos passos no sentido que se julga como mais certo.
Na Educação os passos têm sido pequenos, experimentando e analisando os resultados na perspetiva de se ter uma visão do que poderá acontecer no início próximo ano letivo.
A hora do pânico e do não se saber o que fazer já passou, os professores estão a trabalhar com os seus alunos tendo adotado as estratégias que julgaram apropriadas e necessárias. Nem tudo correu bem, nem tudo corre bem, as contingências são inúmeras e enormes, mas cada um está a dar o seu melhor dadas as circunstâncias e a falta de preparação que todos tinham e ainda têm.
O final deste ano letivo, embora tivesse sido alargado, está a chegar a passos largos. Em relação ao próximo ano letivo não convém pôr a carroça à frente dos bois, mas convém estar preparado para todas as possibilidades.
O terceiro período foi caracterizado pelo Ensino Remoto de Emergência através do «E-learning», o processo de ensino-aprendizagem interativo e à distância que faz uso de plataformas web, cujos recursos didáticos são apresentados em diferentes suportes e em que, no caso de existir um formador, a comunicação com o formando se efetua de forma síncrona (em tempo real), ou assíncrona (com escolha flexível do horário de estudo), o próximo ano letivo não pode funcionar da mesma forma.
Tem-se falado muito do «B-learning», o processo de ensino-aprendizagem que combina métodos e práticas do ensino presencial com o ensino à distância, mas ainda não se pode dizer que vamos trabalhar com este método de ensino, o avançar ou não da pandemia ditará como se iniciará o próximo ano letivo. Mas convém traçar todos os cenários possíveis, convém estar preparado para tudo.
Nesse sentido temos que ter em conta as especificidades dos diversos ciclos de ensino, logo as soluções devem diferir de uns para os outros.
As Creches e o EPE deverão funcionar em pleno com as diretrizes que já foram emanadas pela tutela e pela DGS. Os outros ciclos terão de se adaptar aos novos tempos, ainda que temporariamente, de forma a garantir um ensino de qualidade e equitativo.
No 1.º Ciclo, as coisas complicam-se nos dois primeiros anos. As crianças do 1.º e 2.º anos não são suficientemente autónomas para que o «B-Learning» possa funcionar em pleno e sem constrangimentos.
Partindo do princípio que haverá abertura da tutela ao desdobramento de turmas e horário duplo, a solução poderá passar por aí. As turmas do 1.º e 2.º anos poderão ser desdobradas (metade dos alunos e metade dos alunos de tarde) para ser possível o ensino presencial na integra. Nestes anos torna-se impossível o «B-Learning» dadas as características da idade alvo destes alunos, da falta de autonomia e do facto de serem anos cruciais nas aprendizagens. Um aluno que não seja bem acompanhado num 1.º e 2.º ano poderá sofrer consequências no resto da sua vida académica.
Quanto ao 3.º e 4.º anos poder-se-á optar pelo ensino «B-Learning». A redução de concentrações de alunos dentro dos recintos escolares é uma das razões que podem sustentar esta opção. O desdobramento de turmas também é aconselhável, ficando as escolas a funcionar em regime duplo para todos os alunos. O sistema de ensino «B-Learning» pode ser dividido em 3 horas presenciais e 2 horas não presenciais através de momentos assíncronos e síncronos, dependendo o horário da decisão dos agrupamentos ao abrigo da autonomia dos agrupamentos. Para a disciplina de Inglês e visto no próximo ano o 3.º ano já estar abrangido pela nova matriz, propõe-se que se elabore uma portaria antecipando a entrada em vigor da mesma, também para o 4.º ano de forma a uniformizar os horários.
Relativamente ao 2º e 3º ciclo, partimos do pressuposto que o ensino presencial irá manter-se nos moldes atuais, ou seja, com um corte de 50% da carga letiva semanal. Não foi incluída a disciplina de Educação Moral e Religiosa por ser facultativa, bem como a Oferta de Escola que varia muito de escola para escola.
* Os horários foram elaborado tendo como base as matrizes de 2º e 3º ciclo em blocos de 50 minutos
Sobre o Ensino Secundário e cursos de formação e profissional, o modelo é semelhante, podendo ser utilizado este formato como base de trabalho.
Será recomendável um aumento de recursos humanos a trabalhar nas escolas durante o vigor destas medidas, uma vez que o desdobramento das turmas assim o requer, tal como a recuperação de aprendizagens referentes ao ano letivo de 2019/2020, traduzindo-se almejada equidade de oportunidades e redução do fosso, produzido neste 3.º período, entre alunos.
Rui Cardoso – Blogue DeAr Lindo
Alexandre Henriques – Blogue ComRegras
Atualização 19-6-2020
Por lapso foi utilizada para o 2º e 3º ciclo a matriz anterior à atual. Falta incluir a disciplina de TIC e Cidadania. Porém, o conceito não se altera, 50% de redução da carga presencial, sistema de turnos, redução do número de alunos por turma.
E onde é com quem ficam os alunos do primeiro ciclo no turno não presencial?
Que alternativa propõe?
Vou deixar de trabalhar com 2 filhos no primeiro ciclo? Proponho escola presencial para todos nós 1 e 2 ciclo com bons planos de contingência, mais funcionários e higiene. Horários desfazzados nos intervalos e refeições.
E como vai respeitar as distâncias sanitárias?
Se já são per. Itidos ajuntamentos de 20 pessoas qual é a diferença numa turma?
Tem conciência que o número de infetados nas crianças está a aumentar? Enquanto pai não me agrada, mas cada um sabe de si.
Falta TIC no 5 e 6° anos no horário.
Tic pode ser oferta de escola e não consta na matriz.
Errado. Neste momento TIC não é oferta de escola. É obrigatório.
Como oferta de escola ????? não é obrigatório. 5º, 6º 7º 8º 9º anos
Tablet no exterior, bibliotecas ginásio cantina etc e/ou AEC no exterior (Wirless )ou em casa caso os pais possam.
Tem noção que a mortalidade por outras doenças aumentou nos últimos meses? Tem noção que os problemas psicológicos e suicídios aumentaram? Eu como mãe preocupo-me mais com as consequências psicológicas pra dizer a verdade! A taxa de doença grave nas crianças é baixíssima!
Eu e deduzo que a Isabel, não somos profissionais da área da saúde. Como tal devemos aguardar pelas decisões da DGS. As propostas apresentadas foi tendo como cenário o modelo que atualmente vigora no ensino secundário. Deus queira que regressemos todos ao ensino presencial e que ninguém se arrependa mais tarde.
Os autores olharam para uma matriz antiga para fazer estes horários no 2 ciclo.
A atual é esta https://www.arlindovsky.net/wp-content/uploads/2018/04/2-ciclo.jpg
Falta TIC .
Então falha minha. Obrigado pelo esclarecimento.
Se é falha pq nao muda na matriz aqui e no Arlindo?
Falta de tempo, isso implica ajustar toda a grelha… O mais importante é o modelo, 50% presencial, sistema de turnos, turmas reduzidas. O nome das disciplinas não é muito relevante.
Atualização 19-6-2020
Por lapso foi utilizada para o 2º e 3º ciclo a matriz anterior à atual. Falta incluir a disciplina de TIC e Cidadania. Porém, o conceito não se altera, 50% de redução da carga presencial, sistema de turnos, redução do número de alunos por turma.
“Vou deixar de trabalhar com 2 filhos no 1.º ciclo?”
“O mais importante é o modelo”.
Sim, o mais importante é a alteração do modelo de economia e organização do trabalho. Devemos ser críticos quanto ao “modelo” que se vai repondo: organizar a Vida começando pelo telhado, a economia, enquanto que as Pessoas, os alicerces, entram em colapso. Porque não reorganizar o trabalho das famílias para poderem acompanhar, durante mais tempo, as crianças e os mais frágeis?
Já estamos a ficar, de novo, anestesiados com a urgência do futebol, dos negócios, dos lucros de alguns. Depois não prestamos atenção aos riscos e ao aumento da contaminação.
E ainda nos “indignamos” por 6 países europeus suspeitarem de nós e não permitirem a entrada de portugueses!