Uma das honras maiores que tive na passagem nas funções de diretor de um agrupamento foi ter tido, durante todo o tempo, subdiretoras que eram educadoras de infância.
Duas excelentes profissionais e pessoas, que me ensinaram muito sobre o sentido prático e pedagógico, que se aplica nessa área da educação, e de onde tiro, hoje ainda, muita utilidade para o meu trabalho no 2º ciclo e no resto das funções na escola.
Até nos momentos críticos de indisciplina com alunos mais velhos… (como uma delas dizia: enfrentar um rebelde de 14 anos é mais fácil se pensarmos que já foi um adorável menino de 4 anos…. e que esse menino ainda lá está).
Aliás, acho que, se a equipa em que estava teve algum sucesso na gestão de pessoas, naquela organização, nesses anos, muito dele a elas se deve.
(Conselho aprendido que dou a todos os que gerem ou venham a gerir agrupamentos: ter alguém do pré-escolar na equipa diretiva. E não é apenas como coordenador, é mesmo na direção do agrupamento, como adjunto ou subdiretor).
E, acima de tudo, aprendi com elas o valor que se dá às crianças e à sua capacidade de aprender e ser criativo, para lá dos espartilhos do que se tem de ensinar.
E que permite o espanto de por crianças, sem letras, de 4 ou 5 anos, a pensar sobre direitos humanos, conhecer os órgãos do corpo ou encenar a batalha de São Mamede (e estes exemplos são verdadeiros).
No caso de uma delas, já falecida, ainda hoje lamento não ter aprendido mais com a sua permanente insistência de que é preciso ouvir as crianças e que as crianças até podem ensinar os adultos.
Imagino a tristeza que sentiria hoje com a notícia terrível (e espero que, como dizem as acusadas na sua defesa, seja mesmo mentira) de que a justiça acusa profissionais da sua área de maus-tratos gravíssimos a crianças num estabelecimento do Porto. Pode ser lida aqui no site do Jornal de Notícias.
Mas, se quiserem lavar a alma, e pensar que essa notícia, como sei que é, é “a maçã podre no cesto” podem ler a reportagem da Visão que começa com a frase certa: