Uma provocação meramente pessoal… Eu não tive essa sorte 😉
Agora a sério… Fico surpreendido com as críticas às aprendizagens essenciais, já que estas foram elaboradas por professores de diversas associações de professores.
Até ao dia 27 de julho, todos podem dar o seu contributo já que as mesmas encontram-se em discussão pública. Lembro que estamos a falar de aprendizagens essenciais do ensino secundário.
Os contributos são apresentados através dos formulários acessíveis no link: http://area.dge.mec.pt/ae-secundario/
Ensino Secundário
Formação Geral | Disciplinas | Anos | ||
10.º | 11.º | 12.º | ||
Português | ||||
Filosofia | ||||
Inglês Continuação | ||||
Alemão Iniciação | ||||
Alemão Continuação | ||||
Espanhol Iniciação | ||||
Espanhol Continuação | ||||
Francês Iniciação | ||||
Francês Continuação | ||||
Educação Física | ||||
Português Língua Não Materna (PLNM) | Níveis de Proficiência | |||
Nível A1 | Nível A2 | Nível B1 | ||
Formação
Específica |
Disciplinas | Anos | ||
10.º | 11.º | 12.º | ||
Desenho A | ||||
História A | ||||
Matemática A | ||||
Biologia e Geologia | ||||
Economia A | ||||
Física e Química A | ||||
Geografia A | ||||
Geometria Descritiva A | ||||
História B | ||||
História da Cultura e das Artes | ||||
Alemão Iniciação | ||||
Alemão Continuação | ||||
Espanhol Iniciação | ||||
Espanhol Continuação | ||||
Francês Iniciação | ||||
Francês Continuação | ||||
Latim A | ||||
Literatura Portuguesa | ||||
Matemática Aplicada às Ciências Sociais | ||||
Matemática B | ||||
Antropologia | ||||
Biologia | ||||
Ciência Política | ||||
Clássicos da Literatura | ||||
Direito | ||||
Economia C | ||||
Filosofia A | ||||
Física | ||||
Geografia C | ||||
Geologia | ||||
Grego | ||||
Inglês Continuação | ||||
Alemão Iniciação | ||||
Alemão Continuação | ||||
Espanhol Iniciação | ||||
Espanhol Continuação | ||||
Francês Iniciação | ||||
Francês Continuação | ||||
Latim B | ||||
Literaturas de Língua Portuguesa | ||||
Materiais e Tecnologias | ||||
Oficina de Artes | ||||
Oficina de Multimédia B | ||||
Psicologia B | ||||
Química | ||||
Sociologia | ||||
Aplicações Informáticas B |
Fonte: Direção Geral da Educação
As obras de Eça de Queirós Os Maias e A Ilustre Casa de Ramires vão deixar de ser de leitura obrigatória no ensino secundário. É esta a proposta contida nas chamadas aprendizagens essenciais para a disciplina de Português do 10.º, 11.º e 12.º ano.
Estes documentos estão em consulta pública até 27 de Junho na página da Direcção-Geral da Educação. A partir do próximo ano lectivo, as aprendizagens essenciais vão substituir as metas curriculares aprovadas por Nuno Crato. A sua aplicação, que já foi estreada nas 230 escolas integradas no projecto-piloto da flexibilidade curricular, começará pelos anos iniciais de ciclo (1.º, 5.º, 7.º e 10.º).
Apesar de insistir que os programas das disciplinas continuam em vigor, o Ministério da Educação indicou ao PÚBLICO que os exames vão passar a avaliar “o que está disposto nas aprendizagens essenciais”. O que acontecerá já em 2019/2020 para os alunos do 11.º ano.
Segundo o ministério, as aprendizagens essenciais, que foram elaboradas pelas associações de professores, visam colmatar as dificuldades colocadas pela “extensão” dos programas curriculares em vigor e como esse objectivo “procurou-se identificar, disciplina a disciplina e ano a ano, o conjunto essencial de conteúdos, capacidades e atitudes” que os alunos devem dominar.
“Há uma diminuição das obras propostas para leitura, que coexiste com o alargamento das opções que podem ser tomadas pelos professores”, confirma a presidente da Associação de Professores de Português (APP), Filomena Viegas. No caso do 11.º ano, por exemplo, em vez de se referir, como até agora, que a obra de Eça de Queirós deve ser escolhida entre Os Maias ou A Ilustre Casa de Ramires aponta-se apenas que os alunos têm de ler uma obra deste autor.
O mesmo se passa, no que toca a obras narrativas, com Almeida Garrett, Alexandre Herculano ou Camilo Castelo Branco. E na poesia com Antero de Quental ou Cesário Verde. Em todos casos deixam de ser mencionadas obras específicas para se ficar apenas com a referência “escolher um romance” ou “escolher três poemas”.
“O que interessa é conhecer a obra do autor, pois qualquer leitura feita deve permitir fazer outras”, justifica a presidente da APP, adiantando que também nos exames nacionais “cada vez mais se está a deixar de privilegiar uma obra específica de um autor”. Também o ministério sustenta que “a avaliação da educação literária terá em conta o conhecimento da cultura literária e o conhecimento dos autores e movimentos literários, o que pode ser aferido com base em leituras diferenciadas”.
Dos géneros literários abordados no secundário desaparecem ainda os contos.
O “puzzle” de História A
Esta redução de conteúdos, também verificada nas aprendizagens essenciais proposta para o ensino básico do qual, por exemplo, desapareceu a herança muçulmana na Península Ibérica, volta a ser patente na disciplina de História A do secundário. O programa desta disciplina data de 2001 e não chegaram a ser elaboradas metas curriculares.
A professora de História e autora de livros e recursos educativos, Elisabete Jesus, recorda contudo ao PÚBLICO que no programa já está seleccionado “um conjunto de aprendizagens e conceitos estruturantes” que facilitaram a elaboração das aprendizagens essenciais. “Nalguns casos houve alguma da desejada simplificação, mas noutros temas fizeram-se ora acrescentos ora apagões, que podem comprometer a compreensão histórica”, frisa.
Por exemplo, refere, no 10.º ano desaparece o conceito de direitos humanos, que era até aqui abordado no módulo da “abertura europeia ao mundo” nos séculos XV e XVI onde se propunha, entre outros temas o do encontro de culturas e as dificuldades de aceitação da unidade do género humano”. Também no 10.º ano, no que respeita ao período da Idade Média, “eliminou-se toda a dimensão cultural (arte gótica, religiosidade, ordens mendicantes e confrarias, escolas, universidades…)”, apesar de posteriormente se propor aos alunos que problematizem a produção artística em Portugal, partindo do gótico-manuelino, aponta Elisabete Jesus.
“A imagem que me ocorre das aprendizagens essenciais é a de um friso cronológico em forma de puzzle. Um puzzle com algumas peças encaixadas à força, sem sentido, e um puzzle inacabado. Faltam-lhe peças”, conclui esta professora.
Um mal menor ou um recuo?
E quanto à Matemática? “Como acontece com todos os documentos que têm saído deste ministério, também as aprendizagens essenciais são extremamente pobres e vagas quanto aos conteúdos matemáticos”, comenta o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Jorge Buescu.
Este responsável aponta ainda para o facto de as referências programáticas existentes apontarem para o antigo programa da disciplina, aprovado em 2002, quando aquele que se encontra em vigor, e que foi sempre contestado pela Associação de Professores de Matemática, data de 2015. “Esta situação é de duvidosa legalidade e o Ministério da Educação terá de esclarecer qual o enquadramento legal destas referências”, aponta.
Em suma, conclui Jorge Buescu, as aprendizagens essenciais para Matemática A representam “um grande recuo”.
“Entendemos que, dadas as dificuldades que o actual programa de Matemática A está a trazer a alunos, professores e escolas, estas aprendizagens essenciais, estando longe do que consideramos uma proposta global coerente e articulada, é o menor mal que neste momento é possível termos”, afirma, por seu lado, a presidente da Associação de Professores de Matemática, Lurdes Figueiral, frisando que é “urgente avaliar as dificuldades e os problemas existentes e preparar as alterações necessárias e inadiáveis”. O Ministério da Educação já constituiu um grupo de trabalho para analisar o programa em vigor e propor um novo.
Fonte: Público
A política educativa do PS foi sempre a mesma: destruir para reconstruir! Só não dizem quando! Reminiscências???
Pois! É compreensível. Andam à solta vários pedaços de asno encartados. O resto da população tem de entrar neste espírito transcendente.
Como solução proponho que se deva ler um número da revista “Maria”. Só tem vantagens muito úteis para o ensino pretendido. Veja-se: é mais barato do que qualquer daquelas obras; é mais leve, pois não carrega tanto nas pastas que estragam as costas; evita comprarem se resumos, porque já é limitada; é mais actual, porque são casos vividos actualmente; é mais compreensível porque tem a linguagem que se usa. E andam por aí uns botas de elástico a estragar este esforço tão democrático e tão promissor do futuro… Francamente… Enfim, uma corja de anti-democráticos à`solta a tentarem boicotar tão inocentes projectos culturais!…
Cabe aos professores de português decidir…