Hoje o ComRegras dá as boas vindas a uma nova mediadora de conflitos, a Dr.ª Mónica Soares. Há muito que considero a mediação de conflitos uma carência em meio escolar e importa ouvir os especialistas sobre esta matéria de modo a refletirmos procedimentos e atitudes. A Dr.ª Mafalda Branco deu um contributo importante numa fase inicial a que agora se junta a Dr.ª Mónica Soares.
Fica um breve currículo e o seu primeiro artigo.
Sê bem-vinda Mónica 😉
(carregar na imagem para aceder à página de Facebook)
Por uma nova cultura de Convivência – Contribuí com a minha parte?
O ano letivo está oficialmente a terminar e apesar da vontade/necessidade imensa de cortar com a realidade e usufruir do (merecido) descanso, este também é um momento importante de reflexão e de balanço do ano que passou.
É inevitável não centrar este balanço no nosso papel de educador.
O que fiz para fomentar, promover e contribuir para a educação (informal) dos meus alunos? Como servi de exemplo? De modelo? Consegui atingir o que pretendia? Passei os valores e princípios que defendo nos relacionamentos interpessoais? Contribuí para uma nova cultura de convivência?
A minha experiência permite-me afirmar que uma das atitudes que faz a diferença na relação com os alunos passa pela competência da empatia. A empatia é a capacidade de se colocar na “pele” da outra pessoa, de entendê-la, de tentar compreender o que se passa na sua mente e identificar e compreender os seus sentimentos. A perspectiva da empatia deriva de um princípio fundamental nas relações interpessoais: “Todas as pessoas têm os seus motivos para agir“. Passa por tentar compreender como e porquê alguém se sente de determinada forma, mas não a partir da nossa própria perspetiva, mas tentando pensar como aquela pessoa, com as suas crenças e os seus valores, gerando a motivação e a mobilização para ouvir e ser ouvido. Só desta forma se criam e se expandem territórios de comunicação comuns, pois revelando a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, demonstrando que compreendemos a sua experiência subjetiva e proporcionando uma sensação tranquilizadora, também lhe revelamos envolvimento, conexão e preocupação.
Não teríamos todos uma atitude diferente com aquele aluno mal comportado (“sempre o mesmo”), aquele já ninguém suporta, se soubéssemos que horas antes de entrar na sala de aula ele tinha estado a assistir a mais um episódio de violência doméstica entre os pais?! E porquê? Porque quase que de forma inconsciente assumimos uma atitude empática. Conseguimos compreender o que estará a sentir e talvez até legitimar que assuma comportamentos de autoregulação que saiam da esfera do socialmente expectável. E essa atitude não irá reforçar os sentimentos negativos desse mesmo aluno, abrindo um espaço para o diálogo… Espaço esse fundamental para a resolução de problemas dentro e fora da sala de aula.
Para reflexão e quiçá como desafio para o próximo ano letivo, vamos fazer da atitude empática um mote para a nossa conduta enquanto agentes educativos. Vamos colocar esta competência presente nas nossas relações com os alunos e tornar estas relações mais positivas e respeitadoras, criando, assim, um espaço educativo que fomente hábitos saudáveis e cooperativos.
Este trabalho que implica naturalmente um investimento diário, passa também por uma perspetiva emocional, em detrimento de uma perspetiva meramente cognitiva, pois só assim é possível que os alunos efetivamente aprendam e estabeleçam outro tipo de relações mais sustentadas e transponham estas aprendizagens para outros contextos da vida deles.
Na próxima rubrica deixarei dicas concretas sobre este enorme desafio que é colocar a empatia em prática com os nossos alunos.
Para quem já pode, votos de boas férias recheadas de boas convivências!
Quando em Portugal se começou a falar de mediação de conflitos e os primeiros cursos começaram a aparecer, tudo estava dirigido a profissionais ou especialistas principalmente das áreas do direito e da psicologia. Tentei inscrever-me, mas não foi possível. Sou uma ‘maníaca’ da relação educativa, onde o conflito, como em toda a interacção entre pessoas, assume um papel central. Fico pois muito feliz por se vir percebendo a importância do conhecimento teórico e instrumental para os educadores. Gostei.