Já perdi a conta ao número de vezes que constatei alunos a deturparem, embelezarem ou simplesmente a mentirem sobre o que realmente aconteceu na escola. A tendência para fugir às responsabilidades é típico de uma geração que deseja ardentemente ser adulta, mas que se comporta como uns bebés de chupeta na boca com muita birra à mistura, nutrindo uma especial preferência pelo sentimento de vitimização.
O principio elementar para mudar um comportamento é reconhecer o erro, se calhar este é um problema transversal às diferentes gerações enquanto crianças/adolescentes, mas aquilo que constato da geração atual, é que poucos são os alunos que com problemas comportamentais regulares assumem efetivamente aquilo que fazem.
A estratégia é tão evidente e está tão entranhada que só prova que resultou vezes sem conta. Inevitavelmente quem anda nas escolas e fala regularmente com os respetivos encarregados de educação percebe, que esta tentativa de fugir às responsabilidades vem fomentada de casa, onde é frequente ouvirmos encarregados de educação a desculpabilizarem/negligenciarem os seus filhos em vez de aliarem-se à escola, exigindo-lhes mudanças comportamentais.
Ainda recentemente tive um aluno que partiu um vidro e a primeira reação da encarregada de educação foi de questionar a escola se tinha seguro escolar e se a escola não tinha obrigação de tomar conta do seu filho. A minha vontade foi de responder que a escola irá adquirir umas jaulas para enfiar lá as crianças e assim de certeza absoluta que nenhum vidro se irá partir… Eu também sou pai e no dia que o meu educando partir um vidro por não ter respeitado uma ordem de um professor/assistente operacional, a minha pergunta será só uma… Quanto custa e quando posso pagar?
As crianças e os adolescentes precisam de ser educados e de nada adianta atirar responsabilidades para a escola ignorando as responsabilidades familiares. A Educação deve vir em primeiro lugar de casa e a família devia dar mais vezes o benefício da dúvida à escola, acreditando que esta está presente para ajudar na Educação dos seus filhos/alunos e não tem como objetivo lixar a vida a ninguém, nem incomodar os pais só porque lhes apetece.
Pais e escolas devem ser aliados, parceiros educativos, fomentando a responsabilização dos seus alunos/filhos, elogiando-os e criticando-os sempre que se justifique.
O exemplo que vão ver em baixo é paradigmático do que acabei de escrever, com a agravante de envolver uma encarregada de educação que é professora e que já deveria saber o que a “casa gasta”…
Talvez não seja por acaso que se diz que os pais mais difíceis são os pais professores.
Alexandre Henriques
Imagem retirada da rede social Facebook
Por vezes, as direções e alguns colegas optam pela versão do aluno.
Uma vez tive uma mãe à porta aos gritos porque eu “tinha humilhado” a filha na frente de todos “só porque ela tinha chegado atrasada”. Eu, meio atordoada com o histerismo, procurava na memória o que realmente tinha acontecido. Quando me lembrei e disse “isso foi quando ….”, a mãe calou, deu meia volta SEM PEDIR DESCULPAS e foi-se embora. E não era uma mãe qualquer, tem curso superior, mas não educação.
Tenho, precisamente, em mãos um caso destes. O aluno, em vez de assumir o seu erro, culpou outro colega e a professora por não ter tomado medidas. Enviou uma carta à direção e irei responder da mesma forma, uma vez que já me inteirei da verdadeira situação. Hoje, disse-me que iria dizer a verdade aos pais. Este ano já é a segunda vez que me acontece e tudo porque os pais permitem que os filhos ainda pequenos tenham o cartão de aluno carregado com dinheiro e que eles usam pra comprar guloseimas.
Cada vez é menor a assunção de responsabilidades dos Enc. de Educação relativamente aos comportamentos dos seus educandos. Os comportamentos dos nossos alunos relete, cada vez mais, a irresponsabilidade dos pais/ Enc. de Educação que vêem nos professores os responsáveis potudo e por nada. Muito recentemente, uma aluna, porque contrariada pelo professor, saíu, sem autorização da sala de aula. Foi-lhe marcada falta disciplinar e feita a respetiva participação. No dia seguinte a Enc. de Ed. da aluna veio exigir a retirada da falta e respetiva participação sob ameaçde recorrer ás instâncias superiores. Como podemos sobreviver num mundo destes? Afinal quem manda na escola? Professores? Alunos ? Pais? São estas as perguntas que todos os dias faço a miim mesma. Valerá apena continuara a lutar, a trabalhar ainventar estratégias de motivação? Creio que não! A Escola como mobilizadora do saber e de preparação de cidadãos responsáveis e conhecedores MORREU. Resta-nos apenas alimentar os Centros de Explicação e, sobretudo, a ignorância. Que futuro nos reserva? Confesso que até tenho medo da resposta.
Só digo, antigamente nós tinhamos medo dos professores e dos nossos pais, agora são os professores que têm medo dos alunos
Só vai piorar… Desresponsabilização absoluta, completa, total, com a nova legislação flexível… Se a criança não aprende… é porque não está motivada! Se aprende pouco, porque é baldas, conseguiu o que lhe era possível… Não sabe ”népia a Matemática? Ajuste-se o currículo até que, pelo encolher da matéria, o abençoado ”calinas” se transforme em novo Einstein… O menino destrata até as pedras da calçada? A pobre criança está a desenvolver os seus ”skills” sociais e os professores, e geral comunidade, devem aguentar a absoluta falta de educação do Pequeno Sol? O Menino ouve um berro? Caem-lhe sete traumas em cima do lombo… Amém!
um dos ‘ossos do oficio’ docente é estar preparado psiquicamente para ‘ser preso por ter cão e ser preso por não ter’…