A sensação avassaladora que antecede um exame é algo que marca para o resto da vida. A Benedita Mendonça, aluna de 17 anos, escreveu mais um excelente artigo para a revista Visão sobre esta “praga”, palavras da própria.
É muito interessante ler artigos dos “artistas” principais e ver o ensino pelos seus olhos, uma velha ambição desta casa e que continuo a tentar incluir nos meus quadros.
Fica o link e um excerto do texto
O SOL DOS EXAMES
Ah, meus queridos amigos, há tanto tempo. As saudades que eu tinha da vossa companhia. Seja durante o dia nas mil páginas de matéria que me obrigam a ler, ou à noite, naqueles pesadelos típicos que nos obrigam a acordar num mar de suor (e lágrimas), após vividamente arruinarem a nossa vida e todas as esperanças de um futuro.
Mas convenhamos, que esses sonhos são o melhor que nos pode acontecer. Não existe nada mais infalível para nos acordar, realmente acordar, do que um desses terrores noturnos. Conseguem mais do que qualquer pai exaltado a gritar “Vais desperdiçar o teu futuro!!!” cada vez que nos encontram com a cara enfiada no telemóvel, em vez daqueles livros de exame ridiculamente caros.
Ficamos desde já avisados, que só nos vai apetecer chorar de cada vez que abrirmos o feed do instagram e formos assaltados com fotografias típicas e ultrapassadas de verão, que também nós estamos ansiosos por postar. E depois voltamos à escuridão do nosso quarto, com aquele foco principal nas incontáveis réplicas de folhas brancas com letras pretas, onde tentamos sublinhar o mais importante (achamos nós), sempre perante o olhar de nojo do nosso pior inimigo, o espelho do nosso quarto. Não queremos nem pensar na nossa ausência de bronzeado, que torna a nossa cor igual à do copo de leite pousado na secretaria e vamos admitir, ultimamente é mesmo a ausência de qualquer tipo de cuidado.
E já agora uma notícia relacionada.
Mais de 160 mil inscritos nos exames do ensino secundário
O número de alunos inscritos para os exames do ensino secundário deste mês é de 160.018, mais do que no ano passado, revelam dados provisórios divulgados esta quarta-feira pelo Ministério da Educação.
No ano passado estavam inscritos 157.264 alunos. Ao todo são feitos 347.282 exames nacionais, um aumento face a 2015, quando foram feitos 339.758.
O número total de provas do secundário, este ano, ascende a 352.399, quando no ano passado foram de 344.977.
Há menos alunos em todos os níveis do ensino básico ao secundário
Num só ano, entre 2013/2014 e 2014/2015, desapareceram das escolas cerca de 33.000 professores, dos quais 24 mil trabalhavam no ensino público. E inscreveram-se menos 25.700 alunos. A redução do número de professores foi um dos compromissos assumidos pelo Governo de Passos Coelho no memorando de entendimento com a troika e que foi concretizada, sobretudo, por via das alterações curriculares aprovadas pelo anterior ministro Nuno Crato, que levou ao afastamento de milhares de professores contratados das escolas.
Quanto aos alunos, o ensino público perdeu mais de 28 mil, enquanto o privado ganhava, no mesmo período, mais cerca de 2700 estudantes. Mas a proporção dos dois sectores continua estável: estavam no ensino público 1.236.204 alunos do pré-escolar ao secundário, o que corresponde a 79,7% do total (no ano anterior este valor era de 80,2%), enquanto no privado estudavam 314.522 (20,3%).