Esta deve ser a sigla 55 deste ano letivo, fora as dezenas que decorei ao longo de 18 anos de ensino. Costumo dizer meio a sério meio a brincar que existe uma equipa no Ministério da Educação só para criar siglas, mudar terminologias e logótipos, o ritmo é tal que mesmo quem anda no terreno tem dificuldade em acompanhar tanta mudança.
Depois deste pequeno à parte, com a entrada do Decreto-Lei n.º 55, as escolas estão a lidar com os intitulados Domínios de Autonomia Curricular (DAC), e como alguns de nós passa por cima da legislação e por vezes questiona o porquê das coisas, ou como elas funcionam, deixo-vos com a respetiva realçando pontos que considero importantes.
Decreto-Lei n.º 55/2018
Artigo 9.º
Domínios de autonomia curricular
1 – Os domínios de autonomia curricular (DAC) constituem uma opção curricular de trabalho interdisciplinar e ou articulação curricular, cuja planificação deve identificar as disciplinas envolvidas e a forma de organização.
2 – O trabalho em DAC tem por base as Aprendizagens Essenciais com vista ao desenvolvimento das áreas de competências inscritas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.
3 – Os DAC, numa interseção de aprendizagens de diferentes disciplinas, exploram percursos pedagógico-didáticos, em que se privilegia o trabalho prático e ou experimental e o desenvolvimento das capacidades de pesquisa, relação e análise, tendo por base, designadamente:
a) Os temas ou problemas abordados sob perspetivas disciplinares, numa abordagem interdisciplinar;
b) Os conceitos, factos, relações, procedimentos, capacidades e competências, na sua transversalidade e especificidade disciplinar;
c) Os géneros textuais associados à produção e transmissão de informação e de conhecimento, presentes em todas as disciplinas.
4 – Na concretização de DAC não fica prejudicada a existência das disciplinas previstas nas matrizes curriculares.
Lembro também que ao abrigo da política de ciclo, os professores que estão a trabalhar nas DACs, podem antecipar ou avançar conteúdos para que o “casamento” entre matérias seja viável.
Agora é ver na prática como é que a coisa funciona…
Vive-se mergulhado em siglas. Umas novas, outras para substituir as anteriores.
Lembro-me de há um anos alguém perguntar o que era aquilo de “reunião com os AO”. E lá chegámos à conclusaõ de que se tratava de Assistentes Operacionais. Safos! A reunião não era para nós!
Ainda vão criar o PFF, professor facilitador e flexível, os CCP, clientes da comunidade progenitora, e os CVA, clientes vulgo alunos.
Há uma que devia ser adoptada nas escolas- PQP!
vai funcionar como funcionou os antigos PCT (projetos curriculares de turma), que também obrigavam a articulação curricular e interdisciplinaridade. Mas como a organização escolar se mantém ‘enquistada’ e não são dados os respetivos recursos para aplicar o modelo pedagógico no seu estado puro, adapta-se e ‘vai-se fazendo umas coisas’…