Fala-se de um apagão na educação.
Diz-se que a tutela está prestes a deitar por terra dez anos de serviço efectivamente prestado, discriminando e gerando iniquidades dentro do funcionalismo público.
Parece-me isto muito grave e, a meu ver, motivo bastante para reivindicações gigantes e diversas formas de luta, entre elas – e particularmente- uma greve em pleno.
No entanto, a greve convocada para o próximo dia quinze de novembro tem como bandeira uma manta-de-retalhos de queixas, queixumes e exigências de diferentes espécies e urgências: novas, antigas, requentadas ou oportunistas. Um disparate perante a dimensão do golpe que estão prestes a desferir sobre os docentes.
Uma luta que deveria, nesta fase, gritar, berrar até à rouquidão
que o descongelamento da carreira de professores e educadores e a contagem de todo o tempo de serviço para progressão são absolutamente imprescindíveis e inegociáveis
que se não houver paridade incorre-se em inconstitucionalidade
que o estado empregador deveria dar exemplo quanto ao tratamento justo dos seus trabalhadores , dar o exemplo no respeito por direitos inalienáveis e dos quais não abriremos mão.
Colocar também em cima da mesa questiúnculas relacionadas com horários de trabalho, concursos, condições de trabalho ou regime especial de aposentação parece-me contraproducente e absurdo. Muita parra, pouca uva.
Estaremos a tactear no escuro enquanto classe?
Estaremos divididos para alguém reinar?
Vamos, desta vez, abrir os olhos para vislumbrar uma luz ao fundo do túnel?
No Ensaio sobre a Cegueira, do nosso Nobel Saramago, há uma mulher que para sobreviver entre todos os que perderam a visão, faz que não vê. Ela é, no entanto, a personagem mais lúcida de todo o romance tentando assegurar o bem estar de todos e a normalidade possível naquela situação dramática. De repente, essa imagem surge-me ao pensar nestes dez anos de austeridade sustentada pelo sacrifício pessoal de milhares de colegas. Como a mulher do médico. Nós fizemos que não vimos, tentámos manter a normalidade das rotinas nas nossas escolas, cuidámos dos nossos alunos, sofremos em silêncio. Mas nunca cegamos.
Ler mais sobre a luta em:
https://fne.pt/pt/noticias/go/atualidade-carta-aberta-ao-primeiro-ministro-de-portugal
“… a greve convocada para o próximo dia quinze de novembro tem como bandeira uma manta-de-retalhos de queixas, queixumes e exigências…”
Exactamente. E é de propósito.
É o Nogueira a trair os professores. Junta umas miudezas para ganhar uma delas e depois vir dizer que foi uma grande vitória.
A luta deve ser SÓ sobre descongelamento e aposentação.
O resto é traição !
Concordo, em absoluto. Descongelamento total e aposentação. Não arredar pé enquanto não cedessem.
Como é que os sindicatos não tomam uma posição mais dura quando o próprio ministro tem andado a fugir a sete pés de encontros para negociar estes assuntos? Isto não é uma verdadeira vergonha? O ministro da saúde reúne com médicos e enfermeiros, a da justiça com juízes, o nosso empurra com a barriga e diz que não é nada com ele. Só isto é uma verdadeira afronta à nossa classe. Ai se isto se passasse com outras forças no governo!