Apesar de tudo estar a ser preparado para receber os alunos, as reuniões presenciais dos professores continuam apesar de não fazerem sentido nenhum. As escolas reabrem porque os alunos precisam de ensino presencial. Isso é assegurar o direito à educação de qualidade. As reuniões, entre professores e professores e pais, não são um ato educativo. Mas estatisticamente fazer 8 reuniões com 10 a 15 adultos que rodam entre si para se encontrarem, agrava o risco de algum se contagiar e prejudicar o objetivo principal. Ontem, um dos epidemiologistas no Infarmed veio dizer que o ideal é que as escolas reduzam para 1/3 a probabilidade de contactos para salvar os contactos que fazem realmente falta, os que se traduzem num ato pedagógico. Mas como, se se mantém tudo como antes? E a ironia é que as reuniões à distância online foram uma das coisas boas que resultou da pandemia.
Fica a notícia que merece ser lida.
Luís Braga e Alexandre Henriques
Peritos acreditam que ainda é possível evitar segunda onda
Modelo matemático desenvolvido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa sugere que reduzir contactos entre jovens a um terço é a única forma de evitar com segurança uma segunda onda, isto se os contactos na sociedade se mantiverem reduzidos a metade nos próximos meses. Diretores avisam que isso não será possível com ensino presencial.
Ensino misto deve ser equacionado
A uma semana do início do ano letivo, Manuel Carmo Gomes deixou algumas indicações práticas, como maximizar os espaços ocupados pelos alunos, evitar que haja mais do que uma turma a ocupar a mesma sala e garantir o arejamento das salas – por exemplo, numa aula de hora e meia fazer uma pausa de cinco minutos para arejar a sala –, mas também o desencontro de horários, defendendo, no entanto, que apesar de o objetivo ser o ensino presencial, o ensino misto (presencial e à distância) deve ser considerado. E deixou outra ressalva: “Se o relaxamento dos contactos na sociedade prosseguir após a abertura das escolas, temos segunda onda mesmo que os contactos entre os jovens diminuam. Não bastaria que alterássemos radicalmente o comportamento dos jovens. Requer que a sociedade mantenha comportamentos muito exigentes”, defendeu, sublinhando que será necessário reduzir contactos de proximidade, manter o distanciamento físico e evitar grupos de não coabitantes. Para Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas, a redução de contactos a um terço não será possível com o regresso das aulas em ensino presencial, e aponta várias dificuldades. “O número de professores tinha de ser o triplo e isso é impossível”, afirma ao i.
Nas projeções do modelo desenvolvido pela FCUL, os investigadores partem do pressuposto de que, atualmente, os portugueses têm os seus contactos reduzidos a metade do que era habitual antes da pandemia. Se as escolas abrirem com os contactos dos alunos em níveis idênticos ao que existiam antes da covid-19, o modelo projeta uma subida das hospitalizações que se acentua a partir de novembro. Não foram apresentados números absolutos nem para as hospitalizações nem para o total de infeções.
Na parte da sessão dedicada ao regresso às aulas, Carla Nunes, investigadora da Escola Nacional de Saúde Pública, apresentou um balanço do que está a acontecer nos diferentes países, sublinhando que existe uma grande heterogeneidade nos planos de contingência definidos a nível europeu. Nos países nórdicos, por exemplo, não é obrigatório o uso de máscara. Já França optou por encerrar temporariamente escolas que apresentem três casos de covid-19. Em Portugal, a posição da Direção-Geral da Saúde é que as escolas só deverão ser encerradas em casos extremos. A especialista sublinhou que o risco existirá não só nas escolas, mas pelo contexto de convívio entre as crianças e também dos pais, e admitiu que escolas que estejam em contextos com uma incidência mais elevada de casos poderão ter regras mais apertadas do que escolas em contextos de baixa incidência. Até aqui, o Governo não apontou para uma abertura faseada das escolas, o que foi seguido em alguns países. Por exemplo, no Uruguai abriram primeiro as escolas de meios rurais. Na Alemanha e nos EUA foi adiada a reabertura das escolas nas comunidades com maior incidência. Já o Canadá optou por organizar o ensino em grupos em espelho, com aulas presenciais e à distância. Dos 134 países que fecharam as escolas por causa da covid-19, 105 já as abriram ou irão abri-las muito em breve, indicou também Carla Nunes, chamando ainda a atenção para que será difícil isolar o efeito da reabertura das escolas na evolução da pandemia.
Fonte: Observador
O risco existe e é grande, mas olhando para as orientações que nos começam a chegar, as coisas não parecem nada animadoras. Alunos nas salas, aulas de substituição, o que potência o risco de professores num ano em que o absentismo tenderá a aumentar (é um palpite).
Há turmas-bolha, mas os professores serão o vaso comunicante e com as substituições…
Esperemos que me engane, mas não tardará que o sistema colapse, ou pelo menos muitos professores.